A Justiça determinou o bloqueio e a indisponibilidade de até R$ 10 milhões em bens — incluindo valores em contas bancárias, investimentos, imóveis e aplicações financeiras — de todos os investigados na Operação Spotless, que levou à prisão e posterior renúncia do ex-prefeito de Terenos, Henrique Wancura Budke. A medida atinge dezenas de pessoas físicas e jurídicas acusadas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) de integrar um esquema de fraudes que direcionou R$ 16,5 milhões em licitações no município.
A decisão, assinada pelo desembargador Jairo Roberto de Quadros, determina bloqueio via Sisbajud, com repetição automática por 30 dias, comunicação ao Banco Central para congelar investimentos e previdências privadas e notificação à CVM para travar ações e títulos dos investigados. Se o valor bloqueado não atingir o limite estipulado, o magistrado autorizou o sequestro de imóveis até completar o montante.
Além do bloqueio, três empresários — Arnaldo Godoy Cardoso Glagau, Rinaldo Cordoba de Oliveira e Rogério Luís Ribeiro — passaram a usar tornozeleira eletrônica. Eles também estão proibidos de entrar em dependências da Prefeitura de Terenos, manter contratos com o poder público ou se comunicar com outros denunciados.
Glagau é proprietário da Agpower Engenharia, Rogério é dono da Marsoft Informática, Construções e Serviços, e Rinaldo responde pela Tecnika Construção e Locação de Equipamentos Ltda. Nenhum deles havia sido preso na deflagração da operação, realizada em setembro.
De acordo com o MPMS, Budke transformou a administração municipal em um “balcão de negócios”, favorecendo empresas previamente combinadas por meio do direcionamento sistemático de licitações. A promotoria afirma que o grupo seguiu atuando mesmo depois da Operação Velatus, deflagrada em 2023 e que deu origem ao desdobramento que resultou na Spotless.
A denúncia descreve 11 licitações manipuladas mediante pagamento de propina e divisão de obras entre as empresas envolvidas. Os contratos englobavam reformas de unidades de saúde, escolas, pavimentação, calçadas e outros serviços. As empresas se revezavam entre si para garantir que todas fossem contempladas.
Quem foi denunciado
Além de Budke, foram denunciados:
Pessoas físicas:
Arnaldo Godoy Cardoso Glagau; Arnaldo Santiago; Cleberson José Chavoni Silva; Daniel Matias Queiroz; Edneia Rodrigues Vicente; Eduardo Schoier; Fábio André Hoffmeister Ramires; Felipe Braga Martins; Fernando Seiji Alves Kurose; Genilton da Silva Moreira; Hander Luiz Corrêa Grote Chaves; Isaac Cardoso Bisneto; Leandro Cícero Almeida de Brito; Luziano dos Santos Neto; Maicon Bezerra Nonato; Marcos do Nascimento Galitzki; Nádia Mendonça Lopes; Orlei Figueiredo Lopes; Rinaldo Cordoba de Oliveira; Rogério Luís Ribeiro; Sandro José Bortoloto; Sansão Inácio Rezende; Stenia Sousa da Silva; Tiago Lopes de Oliveira; Valdecir Batista Alves.
Pessoas jurídicas:
Arnaldo Santiago LTDA; Bonanza Comércio e Serviços EIRELI LTDA; Conect Construções (Eduardo Schoier); Construtora Kurose LTDA; Base Construtora e Logística; HG Empreiteira & Negócios; Lopes Construtora e Empreiteira LTDA; Angico Construtora; Construtora e Empreiteira Real; D’Aço Construção e Logística LTDA; Agpower Engenharia e Construções LTDA; GS Serviços e Construtora LTDA; Construtora Queiroz LTDA; Limpe Bem; B2 Empreendimentos LTDA; Tercam Construções LTDA; Gomes & Azevedo LTDA; Tecnika Construção e Locação de Equipamentos LTDA; Marsoft Informática, Construções e Serviços; RS Construções e Serviço LTDA.
