Arrolada na “Operação Fruto Envenenado”, deflagrada pela Polícia Federal em Campo Grande, a empresária Jaqueline Maria Afonso Amaral, que atualmente é casada com o cantor sertanejo Digo Barros da Silva, da dupla Henrique & Diego, travava uma briga contra o Google para apagar da Internet qualquer relação dela com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ela já tinha ganho, em primeira instância, ação judicial contra o Google e vários veículos de imprensa, para que retirassem do ar as reportagens que a associavam a seu ex-marido: Júlio César Guedes Moraes, o “Julinho Carambola”, um dos chefões do primeiro escalão do PCC, que na hierarquia da organização criminosa está abaixo apenas de nomes como Marcos Williams Herbas Camacho, o “Marcola”.
No entanto, conforme o Correio do Estado, mais recentemente os advogados de Jaqueline Amaral ingressaram com ação de execução contra o Google e mais empresas de comunicação, pedindo que o nome dela fosse “desindexado” do de Julinho Carambola, para evitar qualquer associação entre os dois.
O principal argumento da empresária é que ela não foi condenada em nenhum processo envolvendo o ex-marido e que tal associação, além de prejudicar seu cotidiano, também afetava o relacionamento com o cantor sertanejo, nacionalmente famoso em função da dupla.
Estava tudo indo bem, com a Justiça de Mato Grosso do Sul atendendo aos pedidos de Jaqueline Amaral, até que a Polícia Federal, por meio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), desencadeou a “Operação Fruto Envenenado”.
O envolvimento entre Jaqueline e seu ex-marido, Julinho Carambola, que atualmente está preso no sistema penitenciário federal, foi o pivô desta operação. A Justiça bloqueou mais de R$ 2,7 milhões de suas contas e apreendeu dois carros de luxo ligados a ela: um na casa onde vive com o sertanejo, em um condomínio na saída para Três Lagoas, em Campo Grande, e outro na residência da mãe da empresária, na Vila Nhanhá, também na Capital.
“As investigações apontam que a principal suspeita, ex-companheira de um dos líderes do grupo, teria recebido quase R$ 3 milhões entre 2018 e 2022 para sustentar uma vida de luxo. Para ocultar a origem ilícita dos bens, foram utilizadas contas bancárias e nomes de parentes e amigos próximos”, informou a Polícia Federal na ocasião.
Jaqueline Amaral não foi presa, mas agora sabe que é alvo de uma investigação. Na semana passada, logo após ter sido alvo da operação da PF, a defesa de Jaqueline afirmou que ela “recebeu com surpresa diligência de busca e apreensão na sua residência, sob pretexto de investigação de supostas relações com integrantes de organização criminosa, visto que se separou e se afastou de seu ex-companheiro há vários anos, tendo constituído outro núcleo familiar”.
Segundo a nota, Jaqueline “mantém atividade empresarial lícita e regular, não tendo nada a esconder de autoridades”, e “entregou seu telefone celular, fornecendo senha de acesso, considerando que nada há de ilícito no seu conteúdo”. Seus defensores concluem: “A defesa técnica, assim que tiver acesso ao processo, poderá esclarecer com mais propriedade as circunstâncias que levaram ao equívoco” de tornar Jaqueline Amaral alvo da operação.