A deputada federal eleita Camila Jara (PT-MS) protocolou, junto ao MPE (Ministério Público Estadual), notícia-crime contra a Missão Evangélica Caiuá, ONG (Organização Não-Governamental) responsável por cuidar da saúde de diversas aldeias indígenas pelo Brasil e que tem sede em Dourados (MS), solicitando uma investigação após diversas matérias jornalísticas mostrando inconsistências na prestação de contas.
De acordo com o documento protocolado, a organização recebeu um repasse de R$ 872 milhões para serem usados na contratação de profissionais de saúde, mas, ainda de acordo com diversos relatos de indígenas para a imprensa, o acesso à saúde, atendimento médico e remédios não é integral ou facilitado.
Além de atender as aldeias de Mato Grosso do Sul, especialmente Jaguapiru e Bororó, a Missão também era responsável por atender os indígenas Yanomami. No entanto, os indivíduos desta etnia estão passando por uma crise humanitária, com a morte de mais de 500 crianças nos últimos anos por desnutrição, malária e outras doenças.
Conforme relatado pela parlamentar na notícia-crime, nas aldeias, que atualmente estão recebendo atendimento emergencial, os adultos também estão em estado delicado de saúde por falta de comida e de atendimento médico. Ainda no documento feito pela deputada eleita, há diversas evidências de que o dinheiro recebido pela Missão Caiuá não foi devidamente aplicado nas ações de saúde indígena, sendo que também não há como saber qual foi o destino da verba.
Assim, a parlamentar requer que o MPE admita a notícia-crime e apure as ações relatadas no documento, sendo que as investigações também devem atingir o diretor-executivo da Missão, Reverendo Benjamin Bernardes, bem como todos os envolvidos com a organização. A parlamentar ainda pede que sejam investigados atos de improbidade administrativa, peculato e corrupção passiva.
A Missão Caiuá tem mais R$ 213 milhões para receber ainda este ano por contratos com o Ministério da Saúde. A verba, em tese, é destinada para ações que promovam a saúde indígena. O líder da Aldeia Bororó, Reinaldo Arevalo, afirmou que o dinheiro não é bem administrado pelos responsáveis, já que no local e na aldeia Jaguapiru, que deveriam ser atendidas pela entidade, não há medicamentos ou acesso à saúde básica.
Já os líderes da Aldeia Jaguapiru informaram que os valores não chegavam ao local, que também passa por dificuldades com acesso à saúde, remédios e água potável. A Missão Evangélica afirmou que apenas atua de forma complementar na saúde indígena, contratando profissionais para atuar nas aldeias. Contudo, os médicos nunca chegaram a atender nestes locais.