Precisou de um fim de semana para que a população sul-mato-grossense pudesse enxergar quem estava certo na luta pela vacina, que ganhou mais força na última semana. De um lado, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, cobrando distribuição igualitária da vacina para os 78 municípios de Mato Grosso do Sul. Do outro, o Governo do Estado, encabeçado pelo secretário de Saúde, Geraldo Resende, alegando que era mais viável atender 12 municípios de fronteira.
Poucos dias após a polêmica vir à tona, o prefeito Marquinhos Trad conquistou uma importante vitória. Com baixa adesão de municípios da fronteira e com risco de perder vacina, o Governo do Estado anunciou hoje pela manhã que vai distribuir 20 mil doses da Janssen para 66 municípios do Estado, sendo 7.450 doses do imunizante de dose única para a Capital.
Marquinhos chegou a procurar o Ministério Público para solicitar a vacina para os outros municípios. As justificativas técnicas apresentadas no pedido da prefeitura, demonstram que a decisão do Governo Estadual na criação de um cinturão sanitário na faixa de fronteiras, imunizando em massa apenas 13 municípios, não levou em consideração o tamanho da população, porcentagem de grupos prioritários, números de casos confirmados da doença, de imunizados e de óbitos, entre outros fatores, que colocam a capital do MS como a melhor plataforma para o estudo científico sobre a efetividade da vacina da Janssen para a nova variante Gamma (P1). O estudo demoraria em torno de 10 anos para ficar pronto.
Segundo a Sesau, se distribuído igualitariamente em todo o Estado, o lote de imunizantes baixaria a vacinação por idade em Campo Grande para 30 anos. Tal medida seria de extrema contribuição para aliviar o sistema de saúde, já que os dados atuais de contágio da Covid-19 apontam que a faixa etária de 30 a 40 anos é que tem mais se contaminado e, consequentemente, ocupando leitos e sobrecarregando os hospitais.
Campo Grande também alertou para a capacidade de vacinação na Capital. Em três dias, na última semana, Campo Grande vacinou mais de 39 mil pessoas. O município tem mantido uma média de aproximadamente 13 mil pessoas vacinadas por dia, o que representa 1.4% de toda a população campo-grandense.
Apesar do número expressivo, a Capital ainda opera abaixo da sua capacidade diária em razão do número limitado de vacinas disponíveis, sobretudo para avançar na imunização da população com a primeira dose. Com quatro drives (Ayrton Senna, Albano Franco, Cassems e UCDB), três polos (Guanandizão, Seleta e IMPCG) e mais 55 unidades de saúde, o município poderia vacinar até 20 mil pessoas por dia.
A situação mudou na manhã desta segunda-feira (5). A SES (Secretaria de Estado de Saúde) anunciou a distribuição de 20 mil doses remanescentes da vacina Janssen aos 66 municípios que não fazem parte do estudo. Com isso, Campo Grande recebe 7.450 doses a mais da vacina da Janssen.
O secretário José Mauro Filho comentou que, como a estratégia para vacinação nesta segunda (5) já havia sido definida, a aplicação da 1ª dose retorna somente na terça (6). “Vamos distribuir para unidades à tarde, para amanhã conseguir abrir para um novo público. São poucas, vamos utilizar em unidades de saúde e, no máximo, um ou dois drive-thrus. Se abrir os quatro drive-thrus, a população da periferia fica sem vacina”, explica o secretário.
A vacinação por faixa etária será retomada na terça-feira (6) com o público a partir dos 40 anos. Durante a tarde desta segunda (5), a Sesau ainda deve abrir para aplicação da 2ª dose da Pfizer.