De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o empresário assassinou a família porque não aceitava o namoro de Isabela Tibcherani, a sua filha de 18 anos à época, com o artista. Vídeos gravados por câmeras de segurança mostraram o momento em que ele atirou 13 vezes em Rafael, que tinha 22 anos, e no pai do ator, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e na mãe dele, Miriam Selma Miguel, 50 anos.
Paulo Cupertino é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Ele, que atualmente tem 50 anos, nunca constituiu um advogado para defendê-lo. O processo está em segredo de Justiça, mas a primeira audiência de instrução do caso foi marcada para o dia 30 de agosto na 1ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo.
Além do empresário, dois amigos dele são réus no mesmo caso por terem ajudado o assassino a fugir. O assassinato foi cometido na frente da casa onde Isabela morava com a mãe, no bairro da Pedreira, Zona Sul da capital paulista. As duas não foram baleadas por Cupertino e sobreviveram. O empresário fugiu.
O nome, dados e fotos de Cupertino não aparecem publicamente na lista de criminosos mais procurados pela Interpol, também conhecida como Organização Internacional de Polícia Criminal. Ela tem a função de buscar mecanismos de cooperação entre as polícias no mundo para prender acusados de crimes que possam ter fugido para outros países.
Apesar disso, o empresário está incluído na Difusão Vermelha do órgão. Em outras palavras, há um mandado de prisão contra ele para ser cumprido em qualquer outro país. Já no site da Polícia Civil paulista, Paulo Cupertino aparece como o primeiro nome da página onde estão os 17 criminosos mais procurados pelas forças de segurança do estado.
Não há pagamento em dinheiro como recompensa para quem tiver informações sobre o paradeiro de Paulo Cupertino. As denúncias sobre os lugares onde o assassino possa ter se escondido são feitas ao Disque Denúncia pelo número de telefone 181 e na internet, no Web Denúncia. Não é preciso se identificar.
Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, ele fugiu da cidade de Eldorado no dia 27 de outubro de 2020 e, depois, sumiu do mapa. Duas teorias estão sendo investigadas pela Polícia Civil paulista: a primeira é de que ele teria fugido para o Paraguai e estaria trabalhando em propriedades rurais no país vizinho, enquanto a segunda é de que ele saiu do Paraguai e foi para Corumbá (MS), de onde fugiu para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Entre os dias 30 de novembro a 4 de dezembro do ano passado, uma equipe policial de São Paulo esteve no Paraguai à procura do assassino. A suspeita era de que o empresário estava escondido na fazenda de um brasileiro nos arredores da cidade paraguaia de Liberación. Também havia a suspeita de que Paulo pudesse ter trabalhado em outra fazenda, essa de soja em Yataity del Norte, outro município paraguaio.
O criminoso, no entanto, não foi encontrado nos locais e continua sendo procurado. A pedido dos policiais brasileiros, o dono da propriedade, um gaúcho que mora em Liberación, foi ouvido pelas autoridades paraguaias e negou ter hospedado o assassino. A residência dele foi vistoriada, mas não foram encontrados indícios da passagem do empresário por lá.
De acordo com a investigação do Departamento de Homicídios, Paulo Cupertino teria fugido para Liberación com ajuda de Alfonso Helfenstein. Alfonso é piloto de avião e dono de um sítio em Eldorado (MS), onde o empresário ficou escondido por 15 meses. Segundo os policiais, em 27 de outubro deste ano, ele e Paulo embarcaram em uma aeronave particular e deixaram a cidade sul-mato-grossense em direção ao Paraguai.
Alfonso, que já teve passagens criminais anteriores por tráfico de drogas, também é procurado pela polícia pela suspeita de ter ajudado na fuga do procurado. Desde que fugiu após o crime, Paulo ainda não constituiu um advogado. Já no dia 25 de novembro um motorista de aplicativo de Corumbá (MS) afirmou ter transportado até a cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra um passageiro que identificou como o assassino Paulo Cupertino Matias.
Ele estava escondido em uma propriedade rural em Eldorado (MS) e, ao ser descoberto, voou para uma fazenda no interior do Paraguai. De lá, o empresário foi reconhecido por agricultores brasileiros e um policial paraguaio e, portanto, voltou a fugir para Corumbá. As imagens gravadas às 20h20 de 25 de novembro pelo circuito interno do Terminal Rodoviário de Corumbá mostram um homem que seria o assassino logo após ter deixado o Paraguai, carregando duas malas.
Em seguida, ele teria deixado o local para entrar no carro chamado por aplicativo. De acordo com o motorista, o passageiro queria chegar logo à fronteira com a Bolívia, onde pegaria um táxi com placa boliviana para entrar no país sem passar pela fiscalização. No vídeo gravado pelo motorista, é possível ouvir um diálogo entre os dois, às 20h35.
A fisionomia muito parecida com a de Paulo Matias chamou a atenção da polícia. O passageiro demonstra receio com a fiscalização na fronteira. “Eu fico com medo deles verem minha mala, entendeu?”. Durante o trajeto, o homem revela onde vai se hospedar na Bolívia. “Tem ônibus agora, não tem? Para chegar em Santa Cruz de La Sierra. Qualquer coisa eu durmo na fazenda de uma amiga aí.” Santa Cruz de La Sierra fica a 657 km da fronteira com o Brasil, um trajeto que dura 9h40 de ônibus.
As imagens foram mostradas para um parente de Paulo Cupertino e ele afirmou que a voz é muito parecida com a do foragido. As imagens estão sendo investigadas pelas polícias Civil e Federal de Corumbá. O registro ocorreu uma semana depois que Cupertino fugiu de Eldorado para o Paraguai. Ele fugiu acompanhado do piloto Alfonso Helfenstein, condenado por tráfico de drogas, que teria conexões com a Bolívia. Autoridades bolivianas já foram notificadas pela polícia brasileira, que tenta agora descobrir o paradeiro do homem para saber se ele é mesmo Paulo Cupertino.