O “doleiro dos doleiros” Dario Messer, que foi preso ontem (31) em São Paulo (SP) e estava foragido desde o dia 3 de maio de 2018, quando foi deflagrada a “Operação Câmbio, Desligo”, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A investigação descobriu que doleiros movimentaram US$ 1,6 bilhão em 52 países e Dario Messer era o principal alvo.
No Paraguai, onde tinha uma relação fraternal com o ex-presidente Horacio Cartes, sendo considerado até “irmão espiritual” do mandatário máximo do país vizinho, as pessoas que tiveram negócios com Dario Messer estão com medo do que ele falará à Polícia Federal. Se revelar detalhes de seus negócios no Paraguai, isso afetaria Horacio Cartes e vários de seus “sócios”.
A Messer tinha um mandado de prisão “código vermelho” da Interpol, um escritório que informou o Ministério do Interior do Paraguai sobre sua prisão. A Justiça brasileira o procurava por sua suposta implicação em uma megaoperação de lavagem de dinheiro que chega a US$ 1,652 bilhão.
De acordo com os documentos do Ministério Público brasileiro, Messer utilizou cerca de 3.000 empresas “offshore” distribuídas em 52 países para movimentar o dinheiro que foi usado posteriormente para o pagamento de subornos. Até agora, a expectativa de luto é de até 64 anos e ainda há parte da investigação sem se revelar.
O fugitivo montou um esquema de lavagem de dinheiro em no Paraguai, criando diversas empresas desde 2011, como a Chai SA, a Matrix Realty SA, a Mazal Group SA e a Gramonte SA. Mesmo em várias dessas empresas, ele teve como sócio o primo do ex-presidente Cartes Juan Pablo Jiménez Viveros e a mãe deste último, Juana de Jesús Viveros Cartes. Foi também fundador da Cambios Amambay SRL, que mais tarde, em 1989, deu lugar ao Banco Amambay.
As autoridades paraguaias levaram quase 48 horas para realizar os primeiros procedimentos para encontrar Messer, o que lhe permitiu escapar. Messer operou silenciosamente no Paraguai durante o governo de Horacio Cartes (2013-2018). Ele fazia parte de comitês oficiais repetidamente.
O “doleiro” acompanhou o ex-presidente e vários de seus ministros às principais reuniões em diferentes partes do globo. Foi assim que ele apresentou investidores que mais tarde se beneficiaram de decretos e propostas sob medida para levantar empresas milionárias em terras públicas. Todos favorecidos pela proximidade do fugitivo com poder político.
A Secretaria de Prevenção à Lavagem de Ativos (Seprelad), liderada por Oscar Boidanich, elaborou Relatórios de Operações Suspeitas publicadas em 2015 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNF) e Puente Casa de Bolsa sobre os movimentos monetários milionários feitos pelas empresas de Messer no Paraguai. Ele também ignorou os relatórios enviados do Brasil.
A instituição dependia diretamente do então presidente Horacio Cartes. O relatório entregue por Boidanich ao Ministério Público foi adulterado para eliminar os partidos em que o ex-presidente Cartes foi mencionado e sua relação com Dario Messer. As adulterações foram confirmadas pela própria Seprelad após revisar os documentos do caso.