Minotauro usou facção vinculada ao PCC em Paranhos para atacar clã rival na fronteira

O traficante brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Netto, mais conhecido como Minotauro, utilizou uma facção vinculada à organização criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) em Paranhos (MS) para atacar, na madrugada de 19 de dezembro deste ano, a cidade paraguaia de Ypejhú como forma de se consolidar na figura do novo “patrão” da fronteira do Paraguai com o Brasil.

Esse grupo de criminosos ligados ao PCC são liderados por dois brasileiros, que, há uma semana, levaram 30 homens, vestidos com uniformes camuflados e utilizando seis caminhonetes, para, literalmente, tomar a cidade fronteiriça de Ypejhú depois de neutralizar o contingente reduzido de policiais da 6ª Delegacia de Polícia local.

Os criminosos, a maioria brasileiros, agiram sob as ordens do seu compatriota Sergio de Arruda Quintiliano Netto, o Minotauro, que usa uma identidade paraguaia em nome de Celso Matos Espíndola. Ele foi um dos homens-fortes do “Rei da Fronteira”, o traficante de drogas e armas, além de contrabandista, Jorge Rafaat Toumani, executado a tiros de metralhadora calibre .50 em 2016 na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã (MS).

Agora, como chefe regional do PCC, Minotauro está se posicionando como o novo “patrão” do submundo do crime na região, aproveitando-se do fato de o cobiçado trono ter ficado vago com a morte de seu ex-chefe aliada à extradição para o Brasil do narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, no fim do ano passado, e da prisão, no Rio de Janeiro (RJ), de Elton Leonel Rumich da Silva, mais conhecido como “Galã”, no início deste ano, já que ambos eram seus rivais diretos.

Minotauro surge agora como o novo dono da fronteira seca e seu território se estende por 210 quilômetros, de Pedro Juan Caballero, passando por Capitán Bado e alcançando Ypejhú. O ataque à pequena cidade paraguaia foi realizado para vingar a morte de um dos seus principais aliados no lado brasileiro da fronteira seca Luís Carlos Gregol, o “Tatá”, que foi executado em 5 de novembro em Amambai (MS), que está localizada a 45 quilômetros de Capitán Bado e a 115 quilômetros de Ypejhú.

Tatá foi a última vítima da guerra que começou em 2015 contra o clã Alderete em Ypejhú, composto por membros de uma família conhecida daquela cidade supostamente envolvida no tráfico de maconha e de cocaína. Nesse ataque, há três anos, morreu um dos líderes do grupo paraguaio, Arnaldo Andres Alderete Peralta, em uma armadilha realizada na vizinha cidade brasileira de Paranhos, que também resultou na morte dos seus quatro guarda-costas.

Também no mesmo tiroteio foi ferido e até perdeu uma perna o irmão mais novo de Arnaldo, Diego Zacharias Alderete Peralta, que, por sua vez, ordenou, em novembro deste ano, a execução de Tatá como vingança. Diego, que tem em aberto um mandado de prisão internacional, seria o principal alvo do grupo que atacou Ypejhú no dia 19 de dezembro.

De acordo com os dados da Polícia, no dia do ataque, ele estaria na Argentina realizando um tratamento médico para um problema causado pela prótese que usa depois que teve a perna amputada após o tiroteio ao qual sobreviveu em 2015.

Os capangas de Minotauro que lideraram o ataque a Ypejhú contra o clã Alderete são Joberton Fontana, o “Jober”, e Bruno Gabriel Barreto, mais conhecido como “Bruninho”, que, por sua vez, estavam acompanhados por dois homens identificados apenas como “Ivan” e “Thiago”.

Ainda conforme a Polícia do Paraguai, Jober é filho de uma ex-conselheira municipal de Paranhos chamada Neuza Fontana e o grupo de Minotauro estaria escondido na Colônia de Ybycuí, perto de Capitán Bado. O promotor de Justiça Jorge David Romero disse que oficialmente não sabe nada sobre esses dados porque os policiais ainda não concluíram as apurações a respeito do ataque.