Acompanhando o segundo júri da plateia da Operação Omertà, a dona de casa Terezinha Brandão, 63 anos, mãe do guarda municipal Fred Brandão dos Reis, acabou se alterando e precisou ser retirada do plenário ao chamar o ex-guarda municipal Marcelo Rios de mentiroso.
Ele falava sobre o período em que passou na sede da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) quando Terezinha se levantou e foi em direção ao réu gritando: “Para de ser mentiroso, Marcelo! Deixa de ser mentiroso. Você matou meu filho. Você matou meu Fred, desgraçado. Você deu um tiro na boca do meu filho, seu desgraçado”.
Rapidamente, policiais militares que acompanham as sessões do júri retiraram a mulher e o juiz Aluízio Pereira dos Santos determinou que não a deixassem mais entrar na sala. A situação foi registrada em vídeo acima. Após sair, ela continuou gritando no saguão e foi levada para outra sala.
O magistrado dizia para o advogado Marcio de Campos Widal, que atua na defesa do ex-guarda, para que ele continuasse com as perguntas, enquanto Marcelo comentou que não entendeu o que aconteceu. O defensor então pediu que o cliente tomasse água e respirasse. “Eu não tenho nenhum processo doutor”, disse o ex-guarda.
Widal então pede a anulação do julgamento. “Excelência, por dever do ofício, eu quero registrar em ata o acontecimento do auditório e gostaria de consignar o pedido de nulidade do julgamento pelo fato poder influenciar na imparcialidade e isenção dos jurados”, pontuou o defensor.
Os promotores de Justiça se opuseram por entenderem que o fato em nada prejudicaria, já que existem outros acusados sendo também julgados no processo e que os jurados têm capacidade de fazer um julgamento justo.
“Esse julgamento é extremamente técnico. Feito com base em prova feita pela acusação e pela defesa. Um fato isolado como esse jamais macularia o julgamento. Até porque os jurados são suficientemente idôneos e inteligentes para separar esse fato que não tem nada a ver com o que está sendo julgado e que vá os contaminar”, declarou o promotor de Justiça Moisés Casarotto.
Por fim, o juiz alertou que as acusações feitas por Terezinha não tinham relação com o processo e que o júri é um ato público, não podendo ser feito de portas fechadas. Além disso, afirmou não ser a primeira vez que uma situação como esta acontece e há uma estrutura preparada para resolver.
“Eu não vejo motivo nenhum para dissolver o Conselho de Sentença, supondo que eles serão influenciados por uma palavra de uma pessoa. Um destempero de versão apresentada pelo acusado e isso pode ser melhorado com os debates, então podemos prosseguir normalmente com os debates”, finalizou o magistrado consultando os jurados e dando uma pausa no julgamento.