Usuário de cigarro eletrônico desde os 15 anos, jovem teve parte dos pulmões corroídos em 7 anos

Cigarros eletrônicos (VAPE, POD, MOD) em tabacarias de Brasília, onde usuários encontram várias opções de marcas e sabores de essências e de descartáveis | Sérgio Lima/Poder360 28.out.2021

O jovem Paulo Henrique Sampaio Ortiz, de 22 anos, está há mais de um mês internado no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande (MS), porque teve parte dos pulmões corroídos pelo uso de cigarro eletrônico desde os 15 anos de idade.

Devido ao vício, ele teve graves problemas de saúde e revelou que começou a fumar o cigarro eletrônico para se “igualar aos outros” colegas. No entanto, no dia 15 de junho, Paulo Ortiz foi ao médico devido a uma tosse seca e com sangue, quando descobriu o mal que o vício tinha causado.

Internado no HRMS após piora do seu quadro médico, ele afirma que nunca teve problemas de saúde, mas depois do uso do cigarro eletrônico e narguilé, teve pneumonia com derrame pleural.

“Eu acordei tossindo muito sangue, imediatamente fui pro hospital. Chegando lá, passei pelo médico e já diagnosticaram que eu estava com pneumonia bacteriana, então, ele passou um antibiótico para mim, que eu tinha que estar tomando uma vez ao dia, por uma semana. Todo dia eu tinha que ir ao hospital. No terceiro dia que eu fui tomar o antibiótico a minha respiração estava trancada, eu não respirava, não entrava ar no pulmão. Então já fui para o estado mais crítico, colocaram eu na frente de todo mundo e me levaram imediatamente para a sala de oxigênio”, relatou.

O um dos pulmões de Paulo Ortiz teve necrose e ele operou metade do órgão direito, tendo de colocar um dreno. Agora, o jovem alega que está bem e em recuperação no hospital. “O cigarro eletrônico é disseminado entre 15 e 25 anos. E é uma verdadeira bomba atômica, porque ao fazer uso do cigarro eletrônico nós estamos criando uma geração que daqui há 10, 15 anos, serão pessoas que estarão com DPOC, terão pressão arterial, risco de câncer, terão problemas cardiovasculares, então é muito grave”, alerta o médico pneumologista Ronaldo Perches Queiroz.

Segundo dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), que fez um levantamento de 2018 a 2023, Mato Grosso do Sul é o segundo do país com maior número de usuários de cigarro eletrônico, de pessoas entre 18 a 54 anos. “O cigarro eletrônico é crítico para os jovens e os adultos. É algo que não é brincadeira, é um assunto importantíssimo, tanto que as vendas no Brasil deviam ser ilícitas, porque é algo que está acabando com a vida dos jovens. Deixa a respiração fraca, ofegante, depois começa a dar sintomas de pneumonia, as vezes pode dar até tuberculose, destrói o pulmão”, comentou, sem saber que as vendas já são proibidas desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).