As trutas do Tio Trutis não param de brotar em Mato Grosso do Sul e agora no Distrito Federal. Eleito com a promessa de impor costumes republicanos ao desgastado parlamento, o deputado federal Loester Trutis (PSL) gastou R$ 32.870 com escritório de advocacia para obter parecer jurídico de um único projeto.
O gasto extra ocorreu apesar dele contar com 18 assessores, entre os quais estão dois advogados, na Câmara dos Deputados. O parlamentar do PSL utilizou recurso público para contratar o escritório Agnelli & Andrade Advogados, constituído em 2016 em Campo Grande, para assessoria e acompanhamento do Projeto de Lei 1.292/95.
Segundo o site O jacaré, a proposta visa mudar a Lei 8.666/93, que regulamenta as licitações na administração pública. O gasto de Tio Trutis com assessoria jurídica chama atenção porque ele repete a exaustão que vem adotando medidas para reduzir ao máximo a utilização do dinheiro público.
Conforme o Portal da Transparência, os 18 assessores do deputado custaram R$ 665,2 mil de fevereiro até o mês passado ao legislativo. Mesmo contando com dois advogados na equipe, o deputado contratou o escritório por R$ 312.870 para obter parecer sobre o projeto da Lei de Licitações.
O TopMídiaNews revelou, na terça-feira (24), que houve o pagamento de mais R$ 31 mil para analisar a Medida Provisória que altera o Código de Trânsito Brasileiro. Só com os dois projetos de lei, a Câmara pagou R$ 63,7 mil ao escritório a pedido de Trutis.
No total, o deputado já utilizou R$ 233.271,04 da famosa cota parlamentar, o dinheiro usado para gastos como locomoção, consultoria, locação de veículos e imóveis, entre outros. Trutis defende a contratação do escritório, porque fica mais barato para o poder público.
“Eu tenho direito a oito (assessores jurídicos), mas acho melhor colocar terceirizado”, justificou-se. Na sua conta, o terceirizado “sai 3 mil (reais) por mês”. Só considerando as duas notas pagas até o momento, o custo já fica em R$ 5,8 mil por mês.
“Eu se colocar assessor tenho que pagar piso jurídico, que é de R$ 15 mil para cada”, esclareceu. Ele ressaltou que teria direito a nomear cinco assessores por frente parlamentar, mas ele não recorreu a prerrogativa em nenhuma das duas. A mesma prática ocorreu nas oito comissões e nos nove grupos, nos quais poderia nomear três em cada.
Apesar do pagamento de R$ 32,8 mil ao escritório, Loester Trutis não apresentou nenhuma emenda própria ao PL 1.292. Ele explicou que apresentou quatro emendas a pedido do Governo e trabalha para impedir a aprovação de outras 14 emendas. Ele é vice-líder de Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara dos Deputados.
Em seguida, ele volta a defender o gasto com escritório de advocacia. “Estou entre os 50 que menos gastam e entre os 50 que mais produzem”, ressalta. “Agora pra trabalhar preciso de pessoal”, justifica-se.
Para reduzir gastos, o deputado cortou motorista e copeira. “Não tiro reembolso de nenhum real de alimentação”, frisa. “Tenho direito a 20 mil (reais). Procura uma nota minha de almoço, jantar”, desafia, para frisar que não utiliza o benefício.
“Todo final de ano farei evento de prestação de contas”, promete. Este é o primeiro mandato como deputado federal do empresário, que vem se notabilizando por defender o armamento da população e não ter medo de entrar em polêmica com vereadores ou deputados estaduais.
Agora, a sociedade terá a oportunidade de analisar se as práticas de Trutis, que repetem um costume antigo dos políticos, são “novas” e mais econômicas aos cofres.