Os dias de mandato do deputado federal Loester Trutis (PL-MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, podem estar chegando ao fim. Não porque o “nobre” parlamentar não será reeleito nas eleições deste ano, mas porque deve ter o mandato cassado pelos seus pares na Câmara dos Deputados.
Segundo o site O Jacaré, a ministra Rosa Weber, relatora do Inquérito 4.857 no STF (Supremo Tribunal Federal), marcou para o dia 5 de agosto o julgamento de Tio Trutis pelo crime de comunicação de um falso atentado. Ele pode virar réu por falsa comunicação de crime, posse ilegal de arma de fogo e disparo em via pública a menos de dois meses do primeiro 1º das eleições deste ano.
Em caso de recebimento da denúncia, a corte vai julgar o deputado federal e pode condená-lo à prisão e perda do mandato. A última estratégia da defesa do deputado federal e do seu ex-assessor, Ciro Fidelis, para postergar o julgamento falhou, pois queria realizar perícia em uma pistola apreendida com um morador do Bairro Coophavila II, em Campo Grande (MS), para analisar se era a arma usada no suposto atentado ocorrido na madrugada de 16 de fevereiro de 2020.
De acordo com a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo, não há qualquer ligação com o suposto crime e a Polícia Federal não poderá realizar perícia em todas as armas apreendidas em Mato Grosso do Sul para encontrar a pistola usada no suposto atentado. Antes, Tio Trutis dificultou ao máximo a notificação pelo oficial de Justiça, dando “balão” para não ser encontrado até depois de ter marcado horário para ser notificado na Câmara dos Deputados.
Conforme a PF, Tio Trutis e Ciro simularam um atentado ao parar o veículo em uma estrada vicinal e realizar os disparos. Com base no GPS do veículo, imagens das câmeras de vigilância da BR-060 e das cápsulas recolhidas na via pública, a PF concluiu que o parlamentar usou uma pistola de calibre 9 mm da marca Glock para efetuar os disparos. A arma nunca foi encontrada.
O impacto da decisão do Supremo na votação de Trutis é uma incógnita. A princípio, eventual condenação poderia enterrar definitivamente a carreira política e limitar a sua atuação a um único mandato de deputado federal.
No entanto, no atual contexto, em que a corte passou a ser considerada inimiga do bolsonarismo, o deputado pode passar a ser considerado o novo herói do grupo após o caso de Daniel Silveira (PL), do Rio de Janeiro, que foi condenado pelo STF pelos atos antidemocráticos e foi perdoado por Bolsonaro.