Com a corda no pescoço e longe dos holofotes há um bom tempo, o deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, voltou a usar a sua conta do Facebook para tentar ludibriar os seus seguidores e prováveis eleitores. Agora, o “nobre” parlamentar postou um vídeo ao lado do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), dando a entender que o líder máximo do País estaria apoiando sua eventual candidatura em 2022 para a reeleição para deputado federal ou até para voos mais altos, ou seja, sair candidato a governador do Estado.
No entanto, no vídeo, gravado após reunião do presidente com parlamentares aliados no Congresso Nacional, Jair Bolsonaro apenas envia um olá para Mato Grosso do Sul e, em especial, para a cidade de Nioaque (MS), onde ele serviu ao Exército Brasileiro. Porém, Tio Trutis aproveitou a situação para induzir os seguidores que o presidente da República teria solicitado que ele saia candidato nas próximas eleições com o seu apoio.
“Horas de reuniões, me sinto honrado em receber o convite para caminhar ao lado do nosso presidente em 2022 e defender nossos valores pelo MS. Agora é focar na segunda metade do mandato com ainda mais afinco, e planejar o futuro. Grato pela confiança no meu trabalho, presidente. Tenho 2 opções, e quero a sua opinião: tentar o Governo por um partido cristão, ou mais uma vez ir pra Câmara Federal e ser base do melhor presidente da História do país? Ambas as alternativas com o apoio dele, olha a responsabilidade! Vamos pensar juntos, temos tempo. Sigo trabalhando”, postou Tio Trutis.
No entanto, para quem não sabe, o deputado federal está com o mandato em risco, pois a Polícia Federal em Mato Grosso do Sul apontou, após oito meses de investigação, que o suposto atentado contra ele e seu chefe de gabinete, no dia 16 de fevereiro de 2020, foi uma armação muito porca. A PF concluiu que o ataque foi forjado pelo próprio Trutis e, para chegar a essa conclusão, agentes e peritos reuniram uma série de evidências e provas.
Entre elas, rastreador do carro, câmeras espalhadas pela BR-060, onde teria ocorrido o atentado, perícia e exaustiva investigação. O parlamentar foi alvo da Operação Tracker, deflagrada pela PF em 12 de novembro do ano passado. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, dos quais nove em Mato Grosso do Sul e um em Brasília (DF). Houve apreensão de armas, como um fuzil T4 calibre 556 mm, da marca Taurus, uma pistola calibre 9 mm, com carregador e 14 munições, e um revólver calibre .357 com dez munições. Foram apreendidos também R$ 70 mil em dinheiro, dentro de um bolso de paletó.
Segundo investigações da PF no Estado, o atentado foi montado pelo deputado com apoio do seu chefe de gabinete, Ciro Nogueira Fidélis. A tentativa teria ocorrido em 16 de fevereiro do ano passado, quando Trutis viajava de Campo Grande para Sidrolândia. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há ligação entre a defesa do porte de armas propalada por Trutis e o suposto atentado.
Nos dias que se seguiram ao ataque simulado, Loester manteve sequência de postagens nas redes sociais “sempre associando os fatos a uma disputa política no Mato Grosso do Sul e exaltando o fato de que estava armado”. O caso está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, que já negou três pedidos da defesa de Loester Trutis para suspender as investigações. O STF autorizou a PF a fazer novas buscas e diligências por até 60 dias.