O sucessor do narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Netto, o “Minotauro”, o criminoso Edson Barbosa Salinas, 32 anos, mais conhecido como “Salinas Riguaçu”, foi preso em Ponta Porã (MS), após uma briga de trânsito, portando uma arma de fogo e US$ 4,2 mil em espécie. Ele foi preso na noite de domingo (19) por policiais do Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), que participam das buscas pelos foragidos do Presídio de Pedro Juan Caballero na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
As duas equipes realizavam rondas pelo centro da cidade quando se depararam com a briga entre “Salinas Riguaçu” e o motorista de um Volkswagen Gol, de 23 anos. Conforme o boletim de ocorrência, os dois estavam armados e foram rendidos. Além deles, o cunhado do criminoso, que dirigia um Toyota SW4 visivelmente embriagado, também foi preso. Na delegacia, cada um dos envolvidos contou uma versão diferente da confusão. “Salinas Riguaçu” e o cunhado, Rodrigo Antunes Flores, de 28 anos, afirmaram que andavam de carro pela cidade quando o motorista do Gol emparelhou com a SW4, apontou uma arma para eles e fugiu. Após perseguição, a briga evoluiu para ameaças, mas foi interrompida pela Polícia.
Já o condutor do Gol e a esposa dele, que estava no carro com os dois filhos – de 2 e 3 anos – alegam que foram perseguidos após foçarem uma ultrapassagem na SW4. Pouco antes da polícia chegar, a família foi ameaçada pelo sucesso de “Minotauro”. Testemunhas relataram “Salinas Riguaçu” gritava que “eles não sabiam com quem estavam mexendo” e chegou a mostrar uma foto no próprio celular para provar ter matado gente importante.
Com ele os policiais apreenderam uma pilota 380, com dez munições, uma mala de roupas e dinheiro – um total de R$ 4,2 mil e US$ 4,2 mil. O outro motorista carregava uma pistola 9 milímetros. No relatório da prisão, a Polícia Civil de Ponta Porã reforça que o criminoso é considerado o sucessor de “Minotauro”, que está preso em Santa Catarina, e o responsável por ordenar pelo menos dois assassinatos na fronteira: o da advogada Laura Marcela Casuso e do empresário e ex-candidato a prefeito Chico Chimenez.
Os dois foram mortos durante uma guerra declarada entre o narcotraficante do PCC e o clã de Jarvis Gimenes Pavão pelo controle do tráfico de drogas na região de fronteira do Brasil com o Paraguai. Chico Chimenez era tio de Pavão e foi assassinado no ano passado após ter a casa fuzilada por pelo menos 16 pessoas. No local foram encontradas 190 cápsulas calibres 5.56 e 7,62. Laura Marcela trabalhava na defesa do narcotraficante e foi morta em 2018. Ela foi atingida por pelo menos 10 tiros de pistola 9 milímetros.
Conforme as investigações, Edson contou com a ajuda de Danilo Gimenez Lopez para liderar os dois ataques. Assim como o comparsa brasileiro, o paraguaio tem cargo de liderança dentro do PCC e é apontado como o “braço armado” da facção, além do responsável por executar rivais e guardar as armas do grupo criminoso. Danilo está foragido da justiça, mas continua atuando no crime. Em 2009 foi preso pela Polícia Federal pelo envolvimento com o tráfico de cocaína. O flagrante aconteceu depois que um avião com 93 quilos da droga pousou em uma fazenda do então vereador Joanir Subtil Viana, em Aral Moreira.
Para a polícia Danilo é, junto com Edson e com Rodrigo, o suporte material e financeiro para os 68 internos que continuam foragido do Presídio de Pedro Juan. Seria ele também o “possível mentor do resgate” de Salinas. “Demanda estado de alerta quanto à custódia de Edson Barbosa Salinas, já que vários criminosos (fugitivos e outros que já estavam soltos) podem estar tramando eventual arrebatamento do preso”, escreve a polícia do relatório.
As equipes policiais da fronteira chegaram a receber denúncias sobre o plano de resgate e por isso Edson e Rodrigo foram transferidos de helicóptero de Ponta Porã. Os dois foram levados para a Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), em Dourados, onde passaram audiência de custódia. O resultado ainda não foi divulgado.
Ainda conforme as investigações, o risco de o resgate de fato acontecer é ainda maior após dos 74 internos paraguaios, já que pelo menos oito pistoleiros de “Minotauro” voltaram as ruas neste domingo. Todos eles foram presos em fevereiro de 2019 durante uma força-tarefa contra o crime. No total foram 12 detidos na época. O criminoso era o responsável pelas cinco casas em que os criminosos estavam. Nos endereços foram apreendidos fuzis, pistolas, várias munições, celulares e documentos.
Escaparam da penitenciária os brasileiros Ailton Botelho dos Santos, 34, Rodrigo Rocha de Araújo, 22, Renan Canteiro, 29, Wilson Carlos Torres Quadros, 37, Rafael de Souza, 24, Felipe Diogo Fernandes Dias, 24, Julio Cesar Gomes, 28 e Luciano De Souza Martinez, 25. A polícia investiga o envolvimento de Salinas e do cunhado na fuga.