O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a retirada do ar dos perfis dos bolsonaristas de Mato Grosso do Sul que foram alvos dos mandados de buscas e apreensões feitas pela Polícia Federal por apoiarem atos antidemocráticos.
Após a decisão, as páginas do Instagram da médica Sirlei Ratier, da ex-assessora parlamentar da senadora Soraya Thronicke (União-MS), Juliana Gaioso, e do ex-prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa, foram suspensas.
Os três são apontados como financiadores dos atos, dando condições materiais para os manifestantes permanecerem acampados em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste), na Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande (MS), protestando contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno da eleição presidencial.
Apesar das páginas no Instagram do trio aparecerem como indisponíveis, o Facebook e Twitter dos três ainda está no ar, mas as últimas atualizações nestas redes datam de até quatro meses atrás.
Nestas páginas, são compartilhadas imagens e mensagens em apoio ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira, o STF informou que o perfil dos sul-mato-grossenses não foram os únicos a serem bloqueados, uma vez que a operação previa a suspensão de 168 páginas de possíveis financiadores das manifestações.
Além do trio, também figuram como líderes ou apoiadores dos atos em dossiê divulgado pelo STF o produtor rural Germano Francisco Bellan, o pecuarista e ex-presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Renê Miranda Alves, o produtor rural Renato Nascimento Oliveira e Renato Marem. Em buscas feitas pela reportagem não foram encontradas páginas relacionadas a eles em qualquer rede social.
Iniciada na manhã de ontem (15), a operação teve 81 mandados de buscas e apreensões expedidos pelo STF, sendo 17 somente em Mato Grosso do Sul. Também foram cumpridas medidas no Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal.
Antes de ter seu perfil suspenso, Waldeli dos Santos Rosa usou sua página para se posicionar sobre a operação, afirmando que sempre defenderá a democracia, o estado democrático de direito e a liberdade individual.
O empresário ainda disse que recebeu com naturalidade a intimação para prestar esclarecimentos “acerca da sua defesa em prol da liberdade de expressão”. A reportagem entrou em contato com a jornalista Juliana Gaioso, mas ela afirmou que apenas se pronunciará na presença de seu advogado.
Pix
Uma das envolvidas nos atos contra os resultados das eleições presidenciais deste ano e alvo da operação deflagrada ontem pela PF, Juliana Gaioso usa rede social para arrecadar dinheiro via Pix para “a produção de um documentário” que, segundo ela, se chamará “A Resistência”.
Na tarde de ontem, logo após ter a casa vasculhada por policiais federais, em página com mais quase 190 mil seguidores no Instagram, Juliana Gaioso pediu doações em dinheiro para comprar um celular. Ela disse que o aparelho onde estavam as imagens para o documentário havia sido apreendido.
Mas, pouco antes, a reportagem havia feito ligação para o número do Pix disseminado por ela para receber valores e a própria Juliana atendeu à ligação, recusando-se a dar entrevista. “Vou falar amanhã [hoje, no caso] depois que conversar com meu advogado”, explicou.
Uma das mulheres alvo da PF ontem, Juliana tem 39 anos e o nome envolvido em polêmicas pelo menos desde 2020. Ela foi assessora da senadora Soraya Thronicke e foi denunciada pelo deputado federal Fábio Trad (PSD-MS) à PGR (Procuradoria Geral da República) por suposto envolvimento em grupos extremistas que atuavam para cometer crimes contra o estado democrático de direito.
Dias depois, o Senado oficializou sua demissão “a pedido”. Juliana também trabalhou como comissionada na Câmara de Campo Grande e chegou a concorrer às eleições deste ano pelo PRTB, mas não conseguiu vaga na Câmara Federal. Com informações do Correio do Estado e do Campo Grande News