Levantamento da Serasa Experian revelou que o número de empresas inadimplentes em Mato Grosso do Sul atingiu em julho deste ano o maior patamar da série histórica iniciada em 2016.
Ao todo, já são 108.667 negócios negativados, o que representa um crescimento de 27% em relação a julho de 2024, quando o Estado contabilizava 85.100 CNPJs inadimplentes.
Ainda conforme os dados da Serasa Experian, em uma década, o número mais que dobrou em Mato Grosso do Sul, saindo de 49.098 empresas com o CNPJ negativo em 2016 para os atuais 108.667, ou seja, em menos de uma década, mais de 59 mil novos CNPJs entraram para a lista de negativados.
Desde 2016, os números só cresceram, foram 55.742 registros em 2017, no ano seguinte, 62.035, já em 2019 foram 66.473, no primeiro ano da pandemia, em 2020, foram 71.524, passando a 73.016 em 2021, 74.865 em 2022 e 76.219 em 2023. Mesmo nos anos de pandemia, quando o crédito emergencial ajudou a segurar parte da inadimplência, o total não recuou.
Segundo o levantamento, em Mato Grosso do Sul as empresas inadimplentes acumulam uma dívida média de R$ 25.962,53 por CNPJ, com cerca de oito contas em atraso. O ticket médio, ou seja, o valor médio por débito, subiu de R$ 2.853,98 em julho de 2024 para R$ 3.225,85 neste ano, um avanço de 13%.
Isso indica que, embora a quantidade de dívidas por empresa tenha se mantido estável, os valores de cada inadimplência ficaram mais altos, pressionando o caixa dos negócios. A economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, avalia que o ambiente econômico, principalmente os juros elevados, explica o recorde nos registros de inadimplência.
“As empresas têm contraído dívidas cada vez mais altas, muito por conta do ambiente de juros elevados e a concessão de crédito mais criteriosa, o que deixa o ambiente mais restritivo para renegociações de dívidas e prazos”, afirmou.
Na divisão por regiões, o maior volume de empresas inadimplentes está no Sudeste, onde 4,1 milhões de empresas estão negativadas. Em seguida aparecem a região Sul, com 1,2 milhão, e o Nordeste, com 1,1 milhão. O Centro-Oeste, onde está Mato Grosso do Sul, registrou 776 mil empresas nessa condição, e o Norte soma 502 mil.
O levantamento detalhado por estados mostra São Paulo na liderança absoluta, com 2,7 milhões de empresas inadimplentes, seguido por Minas Gerais (735 mil), Rio de Janeiro (730 mil) e Paraná (505 mil). Mato Grosso do Sul ocupa posição intermediária, mas com um dos maiores crescimentos proporcionais do País, os 27% de alta em um ano superam a expansão nacional de 16%.
A Serasa Experian ainda alerta que o segundo semestre deste ano pode trazer novas pressões sobre a saúde financeira das empresas. Além da projeção de desaceleração da economia, outros fatores como custo da energia, oscilações do dólar e incertezas ligadas ao crédito podem agravar o quadro.
Para Mato Grosso do Sul, o desafio é ainda maior diante da rápida escalada da inadimplência. Em menos de dois anos, o Estado saltou de 74,8 mil empresas negativadas para 108,6 mil, um aumento de 45%.