No primeiro dia do Encontro de Segurança Pública, que reúne secretários de outros estados em Campo Grande (MS), a Rota Bioceânica foi pauta do debate, com os desafios de não permitir que o crime circule pelo corredor bioceânico. O vice-governador José Carlos Barbosa, falou comentou sobre a grandiosidade da obra que irá integrar a planície alagável do Pantanal até o deserto do Atacama, no Chile, e que, além do investimento em engenharia, é preciso pensar na parte da segurança pública.
“É rota do desenvolvimento de ligação de comércio com a China, mas também uma rota que vai atrair problemas e a necessidade de expansão de um olhar atento para a segurança pública”, apontou Barbosinha, lembrando que Mato Grosso do Sul tem mais de 1.500 quilômetros de fronteira seca e fluviais com Paraguai e Bolívia, sem contar a divisa com Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
A implementação da rede de conectividade e tecnologia, a Infovia, que percorrerá 7 mil quilômetros e interligando todos os municípios do Estado, irá auxiliar na questão da segurança e ação das frentes de segurança. Trata-se de uma rede de fibra óptica que conecta os 79 municípios sul-mato-grossenses.
“Vai auxiliar na internet rápida, na comunicação entre todas as delegacias e quartéis, câmeras com leitores de placas, pode instalar câmeras com reconhecimento facial. Todo esse conjunto e aparato da tecnologia pode ser fundamental para poder melhorar as condições de segurança pública. É absolutamente impossível imaginar que teremos homens e mulheres em números e condição suficiente para poder estar presente em todos os lugares. Então a tecnologia pode nos auxiliar muito porque ela multiplica os olhares”, explicou Barbosinha.
O trabalho das Centrais Interligadas foi mencionado e ocorre por meio do trabalho de inteligência entre Mato Grosso do Sul e a polícia paraguaia, assim como a boliviana, conforme levantou o Secretário de Justiça de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, explicando como foi expandido para os outros estados que fazem parte do bloco Centro-Sul.
O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, reforçou que muitos brasileiros foragidos que estão nesses países fronteiriços e, portanto, o governo brasileiro tem atuado, através da Polícia Federal, na captura desses criminosos que estão comprando, produzindo drogas em países vizinhos e escoando pelos nossos estados.
Estreitar ações com secretários de segurança dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul desemboca em ações conjuntas por meio da inteligência. “O destino das drogas que passam por nossas vias e rodovias têm como destino os grandes centros consumidores ou os portos desses estados. Então, a ação de uma apreensão no porto de Santos, por exemplo, tem relação porque ela passou por Mato Grosso do Sul, passou pelo Paraná ou ingressou no país pelas nossas fronteiras”, enfatizou o Secretário.
Ele lembrou que o Estado tem outras áreas produtoras de drogas, por exemplo, do Paraguai que tinham como destino às drogas do Uruguai e essas drogas produzidas na região do Departamento de San Pedro agora tem a Rota Bioceânica como um local de escoamento para o Brasil.
“Então começa a ter uma nova porta de entrada não só para produtos lícitos como ilícitos e temos que proteger nossas fronteiras e divisas contando com o apoio dos estados que são destinatários principalmente desses grandes carregadores de produtos ilícitos. Ter o apoio dos estados destinatários no enfrentamento ao transporte nesse momento através da Rota Bioceânica e também das nossas vias é uma forma de otimizar os recursos e produzir bons resultados com custos mais baixos”, falou o Secretário.