Sinceramente, não dá para entender a postura do secretário de Fazenda, Felipe Matos, que juntamente com outros seis Estados, enviou carta ao presidente do STF – Supremo Tribunal Federal, para defender a Lei de Responsabilidade Fiscal e com isso reduzir o salário dos servidores.
Na prática, o Estado pediu autorização para reduzir os salários dos servidores para garantir o cumprimento da LRF. Porém, apesar do pedido, o Governo do Estado descartou qualquer possibilidade de corte nos salários ou redução da carga horária de servidores.
Em publicações nacionais, especialmente na Folha de S. Paulo, foi veiculado que o posicionamento jurídico dos Estados seria, na verdade, um pedido de autorização do Supremo para que salários fossem cortados.
Em nota publicada ontem, o Governo afirma, porém, que não haverá mudanças. Titular da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), Felipe Mattos, afirmou que o Estado defende a legalidade da LRF porque uma medida cautelar suspendeu trecho da lei que permitia redução de jornada e salários.
“No entanto, isso não se aplica a Mato Grosso do Sul porque o Estado não ultrapassou esse limite. Não tem nenhum estudo para redução de salário e Mato Grosso do Sul não se enquadra nessa situação”, disse Mattos.
Ora bolas, se não quer cortar salários, por que assinou a carta? Para que esse desgaste com os servidores? Ou seja, o secretário Mattos fez um trapalhada sem tamanho que ainda vai dar muita dor de cabeça.
Vai vendo!
Estados pedem ao Supremo que autorize corte nos salários de servidores
MG, RS, GO, PR, AL, MS e PA assinam documento conjunto; SP apoia, mas não teve tempo de aderir
Em carta ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, secretários da Fazenda de sete estados pedem à Corte o restabelecimento da medida que prevê a possibilidade de redução da jornada de trabalho de servidores públicos com correspondente corte de vencimentos.
A medida poderia ser adotada em caso de frustração de receitas.
O texto é assinado pelos secretários de Fazenda de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Pará, Alagoas e Mato Grosso do Sul.
O grupo pede também que volte a valer a medida que, também em cenário de perda de receitas, permite que o Executivo ajuste os limites financeiros dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público nos casos em que não o façam.
A Folha apurou que Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e do Planejamento de São Paulo, se dispôs a assinar o documento, pois apoia o seu conteúdo, mas não teria dado tempo de submetê-lo à Procuradoria do Estado.
A carta foi entregue na segunda-feira (4) pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e sua secretária da Fazenda, Cristiane Alkmin Schmidt, ao ministro Dias Toffoli.
Os dispositivos previstos na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) estão suspensos por medida cautelar.
O assunto, porém, voltará à pauta do STF em 27 de fevereiro, quando o Supremo deve julgar a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 2.238 —que se coloca contra os dispositivos em questão.
Alguns governadores chegaram a apoiar publicamente a revisão da cautelar, mas não em documento, como ocorreu nesta semana.
Embora impopular, a possibilidade de cortar salários e reduzir carga horária de servidores é cada vez mais cara aos estados, que veem na medida um meio de reajustar as suas contas, bastante pressionadas pelos gastos com pessoal ativo e inativo.
Na carta, os secretários afirmam que as medidas hoje suspensas “trazem importantes instrumentos de ajuste fiscal para os estados”.
“Desta forma esperamos e confiamos que essa Egrégia Corte, em seu papel de guardião da ordem constitucional, assegurará a plena eficácia da Lei de Responsabilidade Fiscal, que se trata de um importante marco no controle dos gastos públicos”, afirma o grupo.
A carta é assinada por Cristiane Alkmin Schmidt, secretária da Fazenda de Goiás; Gustavo de Oliveira Barbosa, de Minas Gerais; Marco Aurelio Santos Cardoso, do Rio Grande do Sul; René de Oliveira e Sousa Júnior, do Pará; George Santoro, de Alagoas; Felipe Mattos, de Mato Grosso do Sul; e Rene Garcia Jr., do Paraná.
A Secretaria da Fazenda do Paraná informou, em nota, que “pede apenas que se cumpra uma medida já prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal”.
“No caso do Paraná, a assinatura ocorreu como forma de apoio às demais Unidades Federativas, uma vez que o estado não apresenta frustração de receitas. A ação foi coordenada pela Secretaria da Fazenda de Goiás”, destacou.
Mato Grosso do Sul, em nota, informou que “não vai reduzir a jornada de trabalho nem cortar o salário dos servidores públicos”, embora Mattos tenha assinado o documento defendendo a legalidade da LRF.
Segundo Mattos, não há nenhum estudo para redução de salário e Mato Grosso do Sul não se enquadra nessa situação prevista na lei.
O documento também foi endossado por Fernanda Pacobahyba, secretária de Fazenda do Ceará. Em nota, porém, o governo do estado nega que “tenha enviado qualquer carta ao STF sobre pedido de autorização para corte de salário de servidores”.