Rodovia da Morte: BR-163 concentra quase metade das mortes nas estradas de MS

A falta de investimento da CCR MSVia para duplicar a rodovia federal BR-163, no trecho que corta Mato Grosso do Sul, já traz os primeiros reflexos negativos para a população do Estado

 

Segundo levantamento do Correio do Estado, a BR-163 voltou a ser a “Rodovia da Morte”, como era conhecida antes da privatização, devido ao aumento do número de acidentes fatais na estrada, que, apesar de pedagiada, não oferece o serviço pelo qual cobra caro.

 

Para se ter ideia, de janeiro a abril deste ano, 22 pessoas morrem em acidentes na estrada. Ou seja, quase a metade dos 54 óbitos registrados nos quatro primeiros meses de 2024 nas rodovias do Estado, segundo dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

 

O índice do primeiro quadrimestre de 2024 é maior que as mortes, no mesmo período, de 2023 e 2022, quando foram registrados 18 e 16 óbitos, respectivamente, na BR-163. Os números de 2024 ficam atrás apenas das taxas de 2021 e 2017, quando 23 e 25 pessoas foram vítimas de sinistros que ocorreram na 163, respectivamente.

 

Além disso, os índices de vítimas fatais de acidentes na BR-163, também voltou a crescer anualmente. Em 2023, a PRF aponta que 64 óbitos ocorreram na via, enquanto em 2022, foram 53 e em 2021 foram registradas 59 mortes.

 

Em 2017, foram 62 mortes registradas na BR – 163, e nos anos seguintes esses índices caíram para 38 óbitos, em 2018, e 41 mortes em 2019. Ao todo, no ano passado nas rodovias do Estado foram registradas 184 mortes decorrentes de acidentes, e 34,7% desses óbitos foram na BR-163.

 

No entanto, esse índice não é tão diferente do registrado em anos anteriores, já que em 2022, do total de 167 mortes em estradas de Mato Grosso do Sul, 31,7% ocorreram na 163, e em 2021, a taxa foi ainda maior, sendo de 41,2% das 143 vítimas de sinistros no Estado.

 

A concessionária chegou a afirmar, em 2019, que não tinha interesse em permanecer com a rodovia e cobrou a devolução de ativos da União, no valor de R$ 1,4 bilhão, mas no ano passado mudou o tom e decidiu permanecer com a licitação.

 

Em outubro do ano passado, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, deu aval para que a CCR MSVia continue responsável pela concessão da BR-163 no Estado.

 

A empresa no momento aguarda a aprovação do TCU do plano de investimento na rodovia, que vai decidir em quais pontos serão feitas obras de melhoramento da estrada, como a duplicação da via.

 

Em nota, a empresa informou que “desde que assumiu a concessão já investiu mais de R$ 2,1 bilhões em obras e na modernização da rodovia, incluindo a duplicação de mais de 150 quilômetros e a recuperação de mais de 500 quilômetros de pavimento, além da implantação de um moderno sistema de atendimento ao usuário”.

 

“Esses esforços resultaram em uma redução significativa nos índices de acidentes, com queda de 35% nos trechos críticos da rodovia em 2023, comparado ao ano anterior, e redução de 26% no número de vítimas fatais em comparação com o ano de 2013, antes da concessão”, conclui a nota.