Rendimento de filho do presidente eleito do TJMS aumentou de R$ 50 mil para R$ 9 milhões em seis anos

O advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel, presidente eleito do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para o biênio 2025-2026, teve o rendimento aumentado em 174 vezes em seis anos. É o que aponta relatório da Polícia Federal, que culminou na “Operação Ultima Ratio” e no afastamento, por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça), de cinco desembargadores por suspeita de venda de sentença e lavagem de dinheiro.

Um dos escritórios do advogado foi alvo de mandado de busca e apreensão, enquanto o pai dele está entre os afastados e será monitorado por tornozeleira eletrônica. Conforme os autos, Rodrigo Pimentel foi vinculado à investigação após receber repasse de parte do dinheiro transferido a uma outra advogada também investigada, Emmanuele Alves Ferreira da Silva, com base nas decisões judiciais sob suspeita de terem sido vendidas por desembargadores.

“Em algumas transações o investigado envia o mesmo valor ou valores próximos de uma conta de pessoa jurídica para outra, antes de enviar o dinheiro para determinada pessoa. Essa prática é comumente utilizada com recursos de origem ilícita com o objetivo de dissimular o próprio patrimônio ou o repasse de recursos financeiros para terceiros, além de dificultar a fiscalização e o controle do sistema financeiro”, disse a PF no relatório.

Com relação aos rendimentos declarados por Rodrigo Pimentel, houve aumento repentino dos ganhos. Em 2017, ele declarou ter recebido como rendimento anual o valor de R$ 52,5 mil. No ano seguinte, em 2018, a declaração foi do valor de R$ 3.310.068,00, o que representa rendimento 62 vezes maior de um ano para o outro.

Considerando o rendimento declarado em 2022, quando o valor total foi de R$ 9.226.989,95, o crescimento é de mais de 174 vezes no período de seis anos, o que, segundo a PF, destoa da normalidade. Rodrigo Pimentel tem várias empresas que, somadas, superam o capital de R$ 12 milhões, e seis delas não possuem registros de funcionários em seus quadros, o que também causou estranheza.

Por fim, somando com outras provas colhidas durante a investigação, a PF conclui que “há fortes elementos no sentido de que Rodrigo Pimentel seja intermediador na venda de sentenças judiciais” de um desembargador.