No domingo (28/05), uma figura, até então desconhecida pelo grande público de Mato Grosso do Sul, ganhou fama estadual e, porque não dizer, até nacional em decorrência de uma matéria exibida pelo Fantástico, da Rede Globo de Televisão, em que é flagrado em vídeo recebendo dinheiro que seria propina paga por empresários do ramo de frigoríficos ao ex-secretário estadual da Casa Civil, Sérgio de Paula, para a obtenção de licenças de operação.
Trata-se de José Ricardo Guitti Guimaro, mais conhecido pelo apelido de “Polaco”, que, conforme Boletim de Ocorrência registrado às 9 horas do dia 6 de janeiro deste ano no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros), nasceu no dia 19 de março de 1974 na cidade de Presidente Venceslau (SP), filho do casal Albano Sergio Marcondes Guimaro e Maria José Guitti Guimaro.
Ele tem como profissão de corretor de gado bovino e tem como área de atual a região de Aquidauana (MS), sendo amigo de Zelito Alves Ribeiro, também morador da mesma cidade, que é assessor especial do governador Reinaldo Azambuja. Além disso, seria ainda conhecido do empresário José Alberto Miri Berger, proprietário da indústria Braspeli Comércio de Couro e quem aparece no vídeo entregando dinheiro ao “Polaco”.
Feitas as devidas apresentações, o Blog do Nélio informa que o citado “BO” foi uma tentativa de “Polaco” se proteger da possível divulgação das imagens feitas dele recebendo propina do empresário. Já que, em janeiro deste ano, vazaram rumores de que alguém ligado ao primeiro escalão do governador Reinaldo Azambuja teria sido flagrado recebendo propina e que os vídeos denunciando todo o esquema seriam vazados para a imprensa.
Imediatamente, o “Polaco” procurou a Polícia Civil e registrou o boletim de ocorrência em que admitiu as conversas com os empresários autores da denúncia e ainda implicou o “amigo” Zelito Alves Ribeiro no esquema de pagamento de propina. Na sequência do ato heroico do corretor de gado, o então secretário estadual Sérgio de Paula, o principal acusado pelos empresários, foi exonerado do cargo de chefe da Casa Civil, como principal medida da Reforma Administrativa anunciada pelo governador.
No BO, “Polaco” informou que tinha “relações de negócios” com José Berger, pois o empresário tem um curtume e trabalha com o beneficiamento de couro de gado bovino. Por conta disso, prossegue “Polaco”, tem muitos negócios financeiros com o industrial, tais como venda de gado bovino, troca de cheques e duplicatas e compra e venda de gado bovino e de carne.
E, em uma determinada ocasião, José Berger, sabendo de sua amizade com Zelito Ribeiro, pediu para que intercedesse a seu favor junto a ele, pois tinha perdido os incentivos fiscais da empresa. Posto isso, “Polaco” decidiu ajudá-lo, entrando em contato com o assessor especial do governador e pedindo o auxílio.
O primeiro passo, ainda conforme “Polaco”, foi apresentá-los pessoalmente e, após essa formalidade, Zelito Ribeiro passou a atuar junto à Secretaria Estadual de Fazenda no intuito de reaver os incentivos fiscais perdidos pela empresa de José Berger. Porém, essa atuação não foi suficiente, sendo somente possível após o pagamento das taxas do Fundersul que estavam atrasadas.
Ou seja, a recuperação dos benefícios fiscais só foi possível mediante a esse acerto, não sendo, de acordo com “Polaco”, graças à atuação de Zelito Ribeiro. Além disso, o corretor de gado bovino disse que foi nessa época que começou a desconfiar que o empresário estaria gravando clandestinamente as suas conversas. Por isso, afirmou “Polaco”, decidiu avisar ao amigo Zelito Ribeiro.
Ele também reforçou que em razão dos diversos negócios mantidos com o empresário era comum transações financeiras com pagamentos e recebimentos diversos em dinheiro. Porém, destacou “Polaco”, em nenhum momento exigiu o recebeu contrapartida financeira ou qualquer tipo de outra vantagem pela ajuda que solicitou a Zelito Ribeiro em favor de José Berger.
O “amigo”
O assessor especial do governador Reinaldo Azambuja, Zelito Ribeiro também procurou a Polícia no dia 4 de janeiro e registrou um boletim de “Preservação de Direito”, em que confirma que tentou ajudar o empresário dono do curtume a reaver os incentivos fiscais.
Ele confirmou que manteve conversas com o empresário e admitiu que participou de um encontro na Secretaria Estadual de Fazenda na tentativa de ajudar José Berger, mas diz que tal reunião teria sido infrutífera. O assessor especial ainda declarou que foi “Polaco” quem lhe apresentou o empresário e que este conseguiu reaver os incentivos, mas sem sua ajuda.
Zelito Ribeiro também figura na delação de Wesley Batista, dono do Grupo JBS, que delatou a existência de um suposto esquema de pagamento de propina em troca de benefícios fiscais nos governos de Zeca do PT, André Puccinelli e do próprio Reinaldo Azambuja.
O assessor especial, também pecuarista, teriaemitido, segundo a delação da JBS, notas fiscais frias no valor total de R$ 1,7 milhão, que favoreceriam Reinaldo Azambuja. Zelito também é irmão do prefeito de Aquidauana, Odilon Ribeiro. O Blog do Nélio apurou que “Polaco” já teria trabalhado para Zelito Ribeiro e que inclusive teria doado para a campanha da atual vice-prefeita de Aquidauana, Selma Aparecida de Andrade Suleiman, enquanto o assessor especial doou a quantia de R$ 250 mil na campanha do atual governador.