Desanimados com a situação de completo abandono da Escola Municipal Agrícola Governador Arnaldo Estevão de Figueiredo, localizada na rodovia MS-040, na região do Distrito de Três Barras, a 35 quilômetros da zona urbana de Campo Grande, por parte da Câmara de Vereadores, alguns professores do estabelecimento de ensino encaminhou ao Blog do Nélio uma cópia da carta entregue aos “nobres edis” da Capital cobrando providências.
Na carta, uma das docentes, cujo nome será preservado para evitar represaria por parte dos vereadores e também do prefeito Marquito Trad, conta que atua no estabelecimento de ensino e revela a triste realidade dos profissionais que lá desempenham suas funções. Se já não bastasse a falta de infraestrutura básica no local, os professores foram atingidos por um duro golpe desferido sem dó e piedade pela atual gestão municipal: a redução da gratificação aos professores que desempenham suas atividades em locais de difícil acesso.
No caso da zona rural, Marquito Trad determinou que o percentual fosse reduzido de 50% para 25%, o que gerou muita insatisfação, descontentamento e uma sensação de desrespeito à classe, tendo em vista a forma abrupta, sem diálogo e sem o devido impacto que isso geraria na vida das famílias dos professores que trabalham nas escolas agrícolas do município.
A medida ditatorial por parte do atual prefeito deixou transparecer também que os secretários municipais responsáveis por autorizar tal medida desconhecem totalmente a importância e o tipo diferenciado de trabalho ao qual se submetem e se dedicam os professores das zonas rurais de Campo Grande. Para quem não sabe, alguns fatores a ser considerado, tais como o deslocamento até essas escolas envolvem, sobretudo, riscos maiores para os professores por terem de enfrentar rodovias movimentadas todos os dias.
Além disso, tirando os gastos com combustível, os professores ainda têm despesas grandes com a manutenção de seus veículos, pois muitos locais têm grandes trechos não pavimentados. Outro agravante é que o trabalho desenvolvido pelos professores nas escolas rurais é diferenciado, exigindo desses profissionais pesquisas e adequações na sua metodologia de ensino que envolve investimento em material, tempo de estudo e dedicação que faz merecer incentivos para que seja constante na sua prática.
Tendo em vista a distância da escola, a maioria dos professores se sujeita a passar o dia todo longe de suas casas, de suas famílias e em locais onde muitas vezes não há estabilidade no sinal de telefonia e Internet, o que torna mais difícil o desempenho de suas funções, sendo necessária a compensação por meio de uma gratificação condizente com esses obstáculos.
Por isso, os professores da Escola Municipal Agrícola Governador Arnaldo Estevão de Figueiredo ficaram indignados com a decisão do prefeito Marquito Trad e a forma como se posicionaram alguns vereadores, que, inclusive, conforme apurou o Blog do Nélio, têm feito elogios aos cortes implementados, como se os docentes recebessem privilégios, justificando que há crise e precisam economizar.
No entanto, esses mesmos parlamentares não cortam na própria carne, ou seja, revendo suas gratificações, suas verbas indenizatórias e o grande número de cargos comissionados que o MPE (Ministério Público Estadual) já recomendou que diminuíssem.
Porém, os professores estão atentos às informações contidas no Portal da Transparência sobre gastos de combustíveis, publicidade e outras despesas dos vereadores que também são desnecessários nesse tempo de crise. Nesse sentido, os docentes das escolas rurais questionam:
Por que somente a categoria deve arcar com o prejuízo por conta das despesas da Prefeitura? Será que justifica um vereador gastar cerca de R$ 4 mil por mês em combustível e manutenção de veículos? Ou R$ 3,6 mil por mês em divulgação de atividade parlamentar?
Além disso, são raras as vezes que algum vereador vai às escolas ou nos bairros distantes para ver os problemas da população e a falta de estrutura na educação. Pois saibam que os docentes dessas escolas estão atentos a esses gastos e vão exigir, como cidadãos, que o MPE investigue se são necessários, uma vez que trata de dinheiro público.
Os docentes querem apenas que os vereadores façam aquilo para o qual foram eleitos, ou seja, atuem no sentido de recomendar ao prefeito que reveja o corte e retome a gratificação anterior. Esses professores têm feito várias tentativas de diálogo com Marquito Trad e seu secretariado, mas conseguiram fazê-lo mudar de ideia.
Será que a vereança de Campo Grande vai ouvir os apelos dos professores da zona rural? Ou vão continuar o mesmo jogo de cena tão utilizado pelos vereadores da legislatura passada?
Com a resposta, a Câmara Municipal de Campo Grande.