Procurado pela Justiça de MS e “caçado” pelo PCC, Fahd Jamil vive pior momento e escondido
Dono do título de “Rei da Fronteira”, que lhe motivou a construir em Ponta Porã (MS) uma réplica de Graceland – a mansão do astro do rock Elvis Presley na cidade de Memphis, no Tennessee (EUA) -, o empresário ponta-poranense Fahd Jamil Georges, 79 anos, vive o seu pior momento como líder do crime organizado na região fronteiriça entre Paraguai e Mato Grosso do Sul.
Procurado pela Justiça do Estado, que o considera foragido sob acusação de ordenar inúmeras execuções em Mato Grosso do Sul investigadas pela “Operação Omertà”, e “caçado” pela facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital), que deseja assumir o controle total do tráfico de drogas e de armas na fronteira, Fahd Jamil pode estar vivendo o seu “canto do cisne”, ou seja, está perto de ser destronado, por bem, ou por mal.
Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, devido à “guerra” decretada pelo PCC ao clã de Fahd Jamil, ele teria deixado o esconderijo no país vizinho e voltado para Mato Grosso do Sul. A chacina registrada nesta semana em Pedro Juan Caballero, quando dois sobrinhos dele e mais dois funcionários do seu cassino na cidade paraguaia foram executados, é uma demonstração de força do PCC, que agora está sob o comando do narcotraficante brasileiro André Oliveira Macedo, mais conhecido como “André do Rap”, que fugiu do Estado de São Paulo para assumir o controle da facção na fronteira.
Ainda de acordo com as investigações da Polícia Nacional do Paraguai, o poderio bélico do PCC e o fato de Fahd Jamil estar sendo procurado pela Justiça do Estado torna inevitável a “queda” do atual “Rei da Fronteira”. O diretor da Polícia Nacional do Paraguaio, Gilberto Fleitas, declarou ontem (27) que é bem provável que o PCC vença esse combate já que Jamil está “fraco”.
“Tal como aconteceu com a queda de Jarvis Pavão, presumimos que seja esta a situação de Fahd Jamil, que é atualmente está foragido, então, acho que ele está um pouco fraco e vai ser retirado do mercado por outra organização criminosa, que não teria mais obstáculos”, afirmou, referindo-se ao assassinato de Jorge Rafaat Tounami em 2016, a extradição de Jarvis Chimenes Pavão em 2017, a captura de Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã”, em 2018, a prisão de Sergio de Arruda Quintiliano, o “Minotauro”, em 2019, e a expulsão de Levi Adriani Felicio em 2020.
A Polícia Nacional do Paraguai ainda afirma que a suspeita, segundo dados da inteligência, é de que o PCC pretende eliminar os integrantes do clã de Fahd Jamil para monopolizar o tráfico de drogas e armas na área de fronteira. Dois sobrinhos dele, assim como um guarda-costas e o motorista do Cassino Guaraní, foram desenterrados quinta-feira (26) de uma cova rasa em Pedro Juan Caballero.
A Polícia Nacional deteve dois homens e uma mulher, todos brasileiros apontados como integrantes do PCC. Os mortos teriam ligação direta com o filho de Fahd Jamil, Flavio Georges, o “Flavinho”, hoje apontado como o representante do pai nos negócios. A investigação da Polícia Nacional do Paraguai mostra até agora que apenas um dos quatro homens encontrados mortos em uma cova rasa na fronteira foi levado do Cassino Guaraní. O paraguaio Cristhian Gustavo Torales Alarcón, 31 anos, era motorista do cassino e estava no local de trabalho na noite de segunda-feira (23) quando foi levado pelos sequestradores.
O carro dele, um Toyota Etios branco com placa do Paraguai, foi encontrado em chamas na manhã do dia seguinte, na Colônia Maffusi. A mulher de Alarcón foi a única a procurar a polícia para denunciar o desaparecimento do marido. Segundo o apurado até agora pelos policiais paraguaios, os brasileiros Riad Jamil Oliveira Salem, 19 anos, Muryel Moura Correia, 36 anos, e Felipe Bueno, cuja idade não foi informada, foram sequestrados em pontos diferentes em Ponta Porã.
O carro de Muryel, um Volkswagen Polo azul com placa de Mato Grosso do Sul, foi encontrado queimado em uma estrada vicinal que liga Pedro Juan Caballero ao distrito de Sanja Pytã, bem ao lado do território brasileiro. Muryel e Riad eram sobrinhos da segunda mulher do empresário Fahd Jamil, o “Fuad”, considerado por 30 anos o “rei da fronteira”. O cassino de onde Gustavo foi levado seria do filho de Fahd, Flavinho Correia Jamil, primo de Riad e Muryel.
Levados para local ainda desconhecido, os quatro foram barbaramente torturados, segundo pessoas que estiveram no local onde os corpos foram encontrados. Todos estavam com sacos de plástico na cabeça e possuíam vários ferimentos. De acordo com a ocorrência da Polícia Nacional, o médico forense Gustavo Galeano constatou enforcamento como causa provável das mortes.
A gerente do Cassino Guaraní, a brasileira Norma Suellen Mendes Couto Aponte, foi presa durante buscas da polícia ao local. Ela é acusada de não denunciar o sequestro de Gustavo Alarcón e vai passar por audiência para depoimento nesta sexta-feira. De acordo com o promotor de Justiça Álvaro Rojas, ela passou mal e teve de ser internada em hospital da cidade, onde permanece com escolta policial.
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