O produtor rural e ex-bancário Ivanildo da Cunha Miranda, que é réu na “Operação Lama Asfáltica” após delatar esquema de pagamento de propina pela JBS ao grupo do ex-governador André Puccinelli (MDB), é alvo da “Operação Matáá”, que foi desencadeada pela Polícia Federal para investigar a prática de incêndios criminosos no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Na fazenda dele, a PF identificou focos de incêndio criminosos e que estão sendo investigados desde julho deste ano. Na casa do pecuarista, localizada em um condomínio de luxo em Campo Grande (MS), foi alvo de mandados de busca, assim como na fazenda dele no Pantanal.
De acordo com a PF, os incêndios que assolam o Pantanal e queimaram mais de 25 mil hectares de áreas de preservação ambiental em Mato Grosso do Sul não foram acidentais.
Essa é a suspeita da Polícia Federal, que acredita que o fogo tenha sido utilizado para remover a vegetação natural. Assim, fazendeiros da região teriam área para pastagem do gado. Durante a Operação Matáá, a PF usou dados de satélite de um núcleo da instituição em Brasília (DF), especializado em crimes ambientais, e também sobrevoou várias fazendas no Pantanal, à procura de indícios sobre o crime.
“As investigações indicam que o fogo tenha sido colocado para depois transformar em pastagem. Você extrai a mata nativa, e aí fica a pastagem para o gado”, explicou o delegado-chefe da Polícia Federal em Corumbá, Alan Givigi, que coordena a operação. Durante a operação, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em casa de fazendeiros da região. “Em nossa equipe há peritos que vão poder comprovar a atuação nos locais dos focos de incêndios”, completou o delegado.
Os investigados pela Operação Matáá devem responder por pelo menos quatro crimes ambientais: dano à floresta de preservação permanente, dano direto e indireto a unidades de conservação, incêndio florestal e poluição. Se condenados, a pena somada ultrapassa 15 anos de prisão.