O presidente da República do Paraguai, Mario Abdo Benítez, vai propor ao congresso o uso das Forças Armadas para combater o “crime organizado” no seu país. “Com minha equipe, estou tratando sobre a possibilidade de incluir na nossa política de segurança uma destinação diferente às Forças Armadas. Eles têm uma enorme capacidade operacional e, no Brasil, já ajudam na luta contra o crime organizado. Lá, as Forças Armadas se envolvem e vão até às favelas controladas pelo tráfico”, comentou.
Ele completa que para tornar isso uma realidade exigirá repensar toda a visão constitucional das Forças Armadas, uma vez que elas devem proteger a República contra ameaças externas. “É um projeto que estamos encerrando, mas queremos que seja um consenso com a sociedade civil. Vamos conversar, queríamos conversar com outras forças políticas, falei (com as Forças Armadas) e eles entendem que, se não cumprirem esse papel, o crime organizado vai se fortalecer ainda mais”, detalhou.
Mario Abado Benítez esclarece que está ciente das limitações constitucionais do uso das Forças Armadas do Paraguai. “Acredito que hoje nossas ameaças não estão mais com nossos vizinhos. Para as Forças Armadas, a atribuição dada pela Constituição Nacional é para cuidar de nosso território, a defesa das autoridades legitimamente constituídas, mas temos que dar a ela uma nova missão para usar essa capacidade operacional”, ressaltou.
O receio das autoridades paraguaias de que as facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), se fortaleçam ainda mais dentro do território paraguaio é real. Nos últimos anos, o crime organizado praticamente tomou conta da região de fronteira do Paraguai com o Brasil, alterando até as estruturas constituídas do crime nas cidades fronteiriças. Portanto, o uso das Forças Armadas do Paraguai podem sim reduzir esse controle mantido pelos criminosos na fronteira.