Se já não bastasse o prejuízo para o meio ambiente e também para a qualidade do ar, a seca também vai afetar o bolso dos sul-mato-grossenses. O preço dos alimentos pode ser alvo de aumentos nos próximos meses em Mato Grosso Sul.
Com o impacto direto do clima no agronegócio, especialistas e empresários do setor apontam que a carne bovina e o açúcar estão entre os principais itens que aumentarão nos próximos meses.
Outro alimento que está inflacionado é o feijão. O aumento, segundo estimativas, chegará a 40% até o fim do ano. A carne bovina já apresenta alta de 1,72% no acumulado do ano, como mostra o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que se repete com o açúcar cristal, que apresentou aumento de 4,45% até o mês de agosto deste ano.
Diante do cenário climático, a oferta de alimentos está diminuindo, o que já vem impactando os preços, na concorrência e na atividade produtiva.
Para o setor de cana-de-açúcar, a seca também representa uma ameaça. A produtividade da cana pode ser comprometida, o que potencialmente afeta a quantidade de açúcar e de etanol produzidos.
Constantino destaca que os governos, junto ao setor produtivo, devem criar novas estratégias de produção, usando tecnologias de irrigação, linhas de crédito e seguro agrícola para áreas de extrema variação climática, além de incentivos para produção em novas áreas.
Matéria-prima do açúcar cristal e de vários outros alimentos, a cana-de-açúcar enfrenta desafios na produção e, após dois anos de estiagem e condições severas de mercado, já são estimados alguns impactos na produção por conta dos incêndios florestais e dos veranicos, com relatos da necessidade de replantio em diversos biomas, com foco na próxima safra.
As altas temperaturas impactam também a atividade pecuária, que, em função da menor disponibilidade de pastagens para o gado, acaba por aumentar os custos de produção com alimentação e manejo, exigindo suplementação dos animais e investimentos em sistemas de engorda mais eficientes, como confinamento ou semiconfinamento.
Isso já está provocando aumento na cotação do gado gordo, com o preço da arroba subindo da casa dos R$ 240 para R$ 250 nos últimos 20 dias em Mato Grosso do Sul. Certamente, a indústria repassará esse aumento para o atacadista, chegando até o consumidor na sequência.