A recompensa de R$ 100 mil oferecido pelo deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), o “Tio Trutis”, em setembro do ano passado para quem denunciasse o suposto mandante da tentativa de assassinato do então candidato a presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ocorrida durante a campanha eleitoral de 2018 em Juiz de Fora (MG) não adiantou.
Nesta quarta-feira (13), a Polícia Federal concluiu em um segundo inquérito que não houve mandantes para o ataque a faca contra Jair Bolsonaro. De acordo com a investigação, coordenada pelo delegado Rodrigo Morais e entregue à Justiça Federal em Juiz de Fora, o autor da facada, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho, por iniciativa própria e sem ajuda de terceiros, tendo sido responsável tanto pelo planejamento da ação criminosa quanto por sua execução.
“O que a investigação comprovou foi que o perpetrador, de modo inédito, atentou contra a vida de um então candidato à Presidência da República, com o claro propósito de tirar-lhe a vida”, destaca o delegado no inquérito. Ainda segundo as investigações, não foi comprovada, por exemplo, a participação de agremiações partidárias, facções criminosas, grupos terroristas ou mesmo paramilitares em qualquer das fases do crime (cogitação, preparação e execução).
O primeiro inquérito sobre o caso tinha sido concluído já em setembro de 2018, mesmo mês e ano que o crime ocorreu. A investigação inicial já havia considerado que Adélio Bispo agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação teria sido “indubitavelmente política”.
Ele então foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. A segunda apuração foi iniciada por decisão da própria PF para assegurar que não houve a participação de terceiros, com um eventual mandante – hipótese que acabou sendo descartada.
Detalhes do segundo inquérito
O segundo inquérito investigou todo o material apreendido com Adélio Bispo, como um computador portátil, aparelhos celulares e documentos. Foram analisados 2 terabytes de arquivos de imagens, 350 horas de vídeo, 600 documentos e 700 gigabytes de volume de dados de mídia, além de 1200 fotos.
Ao todo, 23 laudos periciais foram elaborados, 102 pessoas entrevistadas em campo e 89 testemunhas ouvidas no inquérito. Também foram realizadas diligências de busca e apreensão, quebras de sigilos fiscais, bancários e telefônicos.
Durante a investigação, a Polícia Federal analisou ainda mais de 40 mil e-mails recebidos e enviados em contas registradas por Adélio Bispo. Vídeos e teorias sobre suposta ajuda recebida por Adélio no momento do atentado, veiculadas em redes sociais, também foram periciadas por técnicos da corporação. Nenhuma dessas apurações apontou informações relevantes.
Mais uma treta
Na prática, a postagem feita pelo Tio Trutis ao lado do empresário Ciro Nogueira Fidelis foi mais um dos “causos” contados pelo nobre parlamentar, já que a própria PF entende que ninguém mandou Adélio Bispo tentar matar Bolsonaro como alardeou o deputado federal.
Porém, o que seria mais uma postagem sem pé e nem cabeça, acabou revelando que o empresário que aparecia ao lado de Loester Trutis no vídeo era, na verdade, seu secretário parlamentar na Câmara dos Deputados, onde recebia nada menos que R$ 15.698,32 por mês para ser um autêntico “aspone” desde 5 de fevereiro de 2019.
Se isso já não fosse suficientemente vergonhoso e imoral, também é crime, afinal de contas, conforme a lei, funcionário público não pode administrar empresa privada e o empresário em questão era sócio-proprietário do empreendimento “Casa dos Botões”, localizada na Rua Rui Barbosa, nº 2.474, no centro de Campo Grande (MS).