Uma grande quantidade de cigarros de diferentes marcas, entre elas a fabricada pela empresa do presidente do Paraguai, Horacio Cartes, foi apreendida ontem (7) pela Polícia paraguaia em uma fazenda pertencente ao narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão localizada em Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com a cidade de Ponta Porã (MS).
A mega-apreensão aconteceu após um confronto com troca de tiros e que resultou na prisão de 28 pessoas, sendo realizada por volta das 7 horas de ontem em Cerro Cora’i, a sete quilômetros do centro de Pedro Juan Caballero. A operação foi realizada com as participações do Departamento de Crimes Econômicos da Polícia, Unidade de Luta contra Narcóticos da Unidade de Investigação Sensível (SIU) e da Força-Tarefa Conjunta (FTC).
As fontes do escritório do Ministério Público disseram que o objetivo inicial era supostamente localizar e capturar os membros de uma organização criminosa brasileira que tentaria resgatar o traficante Jarvis Chimenes Pavão, que está cumprindo seus últimos dias de condenação no Grupo Especializado, em Assunção, antes de ser extraditado para a Brasil
No entanto, uma vez no local, a delegação foi recebida a tiros. Após o tiroteio, as tropas conseguiram chegar ao centro da fazenda, onde foram presos 28 homens, sendo 16 deles paraguaios e 12 brasileiros. Além disso, foi relatada a recuperação de um quilo de maconha, veículos e algumas armas e munições utilizadas pelo grupo.
O mais surpreendente foi a descoberta de vários caminhões com recipientes cheios de cigarros de diferentes marcas. Pelo menos até o momento não se tinha informações concretas sobre quem seria o proprietário da carga apreendida que se acredita ser contrabandeada para o Brasil. O relatório do caso afirma que os promotores que lideraram o trabalho foram Hugo Volpe e Alicia Sapriza, mas nem eles nem os policiais foram encorajados a dar detalhes do procedimento.
Outro fato que vazou é que a fazenda pertence a Jarvis Chimenes Pavão, mas que atualmente é arrendada por um empresário de cigarros do Salto del Guairá. Alguns agentes que participaram da operação e concordaram em falar com a imprensa, embora secretamente de seus superiores, disseram que o inquilino seria um certo Alcides Frutos.
Marca Tabesa
O procurador Hugo Volpe confirmou que entre os cigarros confiscados em Pedro Juan Caballero, que seriam contrabandeados para o Brasil, existem marcas produzidas pela Tabacalera del Este SA (Tabesa), de propriedade do presidente Horacio Cartes. O representante do Ministério Público disse ao ABC Cardinal que o trânsito de caminhões em uma estrada de terra, não apropriada para veículos desse volume, era suspeito, razão pela qual eles decidiram detê-los e verificar a carga.
Um total de 27 pessoas foram presas, incluindo paraguaios e brasileiros, que estavam a bordo de 14 veículos e 22 caminhões, oito deles carregados de cigarros. Ele confirmou que entre os cigarros tinham várias marcas, entre elas, a produzida pela Tabacalera del Este SA, que pertence a Cartes e que está envolvido em numerosos casos de contrabando para o Brasil.
Além disso, os detidos foram confiscados com armas de fogo, como uma espingarda de calibre 12 e um rifle, além de numerosos projéteis. Durante a operação houve um tiroteio entre os supostos traficantes e a polícia, como confirmado anteriormente, mas isso não deixou feridas graves em nenhum dos lados.