Polícia de SP recebe quase 90 endereços de possíveis esconderijos de Paulo Cupertino

Os principais canais de denúncias da Polícia Civil do Estado de São Paulo receberam quase 90 endereços de possíveis esconderijos de Paulo Cupertino Matias, assassino do ator Rafael Miguel e dos pais dele há mais de um ano e sete meses após a fuga. O crime aconteceu em 9 de junho de 2019, quando ele atirou no namorado e nos sogros da filha e depois fugiu.

Paulo Cupertino não aceitava o relacionamento de Isabela Tibcherani, a filha de 18 anos, com o ator e as câmeras de segurança gravaram o triplo homicídio na frente da casa da ex-mulher do assassino, na Zona Sul da capital paulista. De acordo com o Instituto São Paulo Contra a Violência, do dia do crime até agora, 87 denúncias sobre prováveis paradeiros do assassino chegaram ao Disque Denúncia e ao Web Denúncia.

Nesse período, os denunciantes disseram ter visto o assassino em 25 cidades paulistas, sete municípios de seis outros Estados, em uma cidade argentina e em outros cinco locais não identificados. Esses locais estão sendo ou foram checados por policiais, mas o criminoso não foi encontrado.

Os possíveis lugares por onde Paulo Cupertino pode ter passado em São Paulo, segundo as denúncias acolhidas pelos dois serviços, são Barueri, Botucatu, Bragança Paulista, Campinas, Diadema, Embu Guaçu, Guarulhos, Ilha Comprida, Itatiba, Jacareí, Jarinu, Jundiaí, Marília, Osasco, Pedreira, Penápolis, Praia Grande, Santa Fé do Sul, Santo André, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São Paulo, São Pedro, São Sebastião e Valparaíso.

Outros Estados e Argentina

O Estado do Rio de Janeiro teve duas denúncias contra o assassino do ator e dos pais, todas na capital fluminense. Os demais estados onde Cupertino teria sido visto foram: Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Maranhão. Puerto Iguazu, cidade argentina, na tríplice fronteira com Brasil e Paraguai, também foi mencionada como um dos locais onde o empresário esteve.

A lista traz as seguintes cidades: Rio de Janeiro (RJ), Serra (ES), Aparecida do Taboado (MS), Araguaiana (MT), São Pedro Ivaí (PR), Santa Rita (MA), Rosário (MA) e Puerto Iguazu (Argentina). O Instituto São Paulo Contra a Violência é o órgão responsável por gerenciar o Disque Denúncia e o Web Denúncia. O primeiro serviço recebe denúncias pelo telefone 181. O segundo, funciona pela internet. Não é preciso se identificar para denunciar nos dois canais.

Os serviços fazem parte de um contrato entre o instituto e a Secretaria da Segurança Pública (SSP), que repassa as denúncias à Polícia Civil e à Polícia Militar (PM). As informações recebidas pelos serviços são importantes para policiais da investigação e do patrulhamento tentarem localizar o paradeiro de um criminoso foragido.

“As denúncias são feitas à medida que o cidadão se vê estimulado a fazê-lo”, disse nesta semana o gerente de Projetos do Instituto São Paulo Contra a Violência, Mário Vendrell. “Ao fazer a denúncia, o cidadão está exercendo um ato de cidadania e colaborando com as autoridades policiais para que possamos ter uma redução da criminalidade e violência.”

Todas as denúncias recebidas são enviadas automaticamente para a sala de análise policial da pasta da Segurança, “onde a Polícia Civil e PM consultam bancos de dados e as encaminham para as unidades policiais na ponta, em todo o estado de São Paulo, de acordo com o endereço denunciado”, afirmou Vendrell.

Quando as denúncias apontam que o criminoso está fora do estado de São Paulo, policiais entram em contato com agentes dos locais citados nos outros estados ou países. Em última hipótese, a polícia paulista viaja até esses lugares. Além das denúncias que chegam no Disque Denúncia e Web Denúncia, a polícia também recebe outras informações a partir de investigações.

Esconderijos

Segundo policiais, somando todas as denúncias recebidas (as feitas por telefone, digitais e da investigação), já foram verificados mais de 300 prováveis esconderijos de Cupertino em dez estados do Brasil e no Paraguai. Para a polícia, no entanto, é quase certo que durante a fuga o criminoso passou por pelo menos oito cidades, sendo sete delas em três estados, e uma em território paraguaio. São elas:

Sorocaba, Águas de São Pedro, um município não informado e Campinas, todas no estado de São Paulo; Jataizinho, no Paraná, e Ponta Porã e Eldorado, ambas no Mato Grosso do Sul; e Liberación, no Paraguai. De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, Cupertino contou com a ajuda direta de pelo menos quatro amigos, que são investigados pela suspeita de esconderem o criminoso.

Dois desses amigos do empresário se tornaram réus na Justiça por supostamente ajudarem o fugitivo. Eles respondem em liberdade pelo crime de favorecimento pessoal. Dos outros dois amigos de Cupertino, um também é procurado porque teria colaborado diretamente com a fuga do criminoso do Mato Grosso do Sul. Lá, o assassino usava o nome falso de “Manoel Machado da Silva” e trabalhava em um sítio. Como disfarce usava boné e a barba branca e comprida.

O outro amigo do criminoso é dono de uma fazenda no Paraguai, onde teria dado abrigo ao fugitivo. Policiais de São Paulo foram ao país vizinho no final do ano passado e ouviram o proprietário numa ação conjunta com a polícia paraguaia. O dono do local foi liberado em seguida, depois que o empresário não foi achado.

Réu foragido

Cupertino é réu foragido da Justiça pelo assassinato de Rafael, de 22 anos, e dos pais do ator: João Alcisio Miguel, de 52 anos, e a mãe Miriam Selma Miguel, 50. Ele é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Câmeras de segurança gravaram o momento que Cupertino atirou 13 vezes nas vítimas e fugiu.

Rafael era conhecido na mídia por ter interpretado o personagem Paçoca na novela “Chiquititas”, do SBT, e trabalhado em um famoso comercial em que uma criança pede brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do menino imperador”.

Desde que fugiu, Cupertino se tornou um dos criminosos mais procurados do estado de São Paulo. O nome dele, fotos e dados pessoais também estão na lista de procurados da Polícia Civil paulista. Cupertino tem 49 anos atualmente. Ele nunca constituiu um advogado para defendê-lo.

A polícia divulgou, inclusive, fotografias com simulaões dos possíveis disfarces de Cupertino (veja abaixo). Quem tiver informações sobre o paradeiro de Cupertino pode ligar para o 181 do Disque Denúncia ou acessar a página do Web Denúncia na internet. As plataformas garantem o anonimato dos denunciantes.