A Polícia Militar do Piauí prendeu, na terça-feira (23), em Parnaíba (PI), o pistoleiro Sanção de Souza, de 38 anos, um dos suspeitos de participar da execução do jornalista sul-mato-grossense Léo Veras em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), em 2020.
Segundo a PM do Piauí, Sanção de Souza foi preso com 25 quilos de maconha durante a “Operação Veraneio”, deflagrada para reforçar o policiamento ostensivo e preventivo nas cidades Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia.
Após denúncias de que um homem estaria transportando droga de Teresina (PI) a Parnaíba (PI), a PM prendeu o pistoleiro no terminal rodoviário do litoral com uma mala contendo 23 tabletes de maconha prensados e dez sacos de maconha esfarelada.
“Ele é de Parnaíba, conhecido internacionalmente pelo envolvimento na morte do jornalista investigativo. Nós achávamos que ele já estava com essa conexão, de tal maneira que já tinha sido preso em São Paulo (SP) e Pedro Juan Caballero (PY). Agora caiu aqui com uma grande quantidade de drogas e vai responder por tráfico”, afirmou o coronel PM Erisvaldo Viana, comandante do Policiamento Litoral Meio Norte (CPLMN) do Piauí.
Tanto Sanção de Souza, quanto o carregamento foram encaminhados à Central de Flagrantes de Parnaíba. Em 2020, ele foi preso, juntamente com outros nove suspeitos, por suposta participação no assassinato do jornalista Léo Veras, mas acabou sendo absolvido por falta de provas.
No dia 12 de fevereiro de 2020, o jornalista paraguaio-brasileiro Léo Veras, de 52 anos, foi morto a tiros na cidade de Pedro Juan Caballero. Ele tinha um site de notícias policiais no município de Ponta Porã e era rotineiro informar – em português e espanhol – sobre casos de tráfico de drogas na região, o que lhe causou intrigas com alguns narcotraficantes locais.
Segundo as investigações da Polícia Nacional de Paraguai, o jornalista foi atingido por 12 tiros de pistola calibre 9 mm, incluindo um na cabeça, enquanto estava no quintal de casa com a família. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao hospital, mas não resistiu aos graves ferimentos.
Durante megaoperação realizada pelo Ministério Público do país vizinho, dez suspeitos foram presos por terem envolvimento no caso: Arnaldo Colmán, paraguaio; Anderson Rios Vilhalva, paraguaio; Paulo Cespedes Oliveira, paraguaio; Oscar Duarte, paraguaio; Marcos Aurelio Vernequez Santacruz, paraguaio; Cynthia Raquel Pereira de Leite, paraguaia; Luís Fernando Leite Nunez, brasileiro; Sanção de Souza, brasileiro; Leonardo de Souza Concepción, brasileiro; e Juan Vicente Jaime Camaro, boliviano.
Todos foram encaminhados para a Penitenciária de Tacumbú. Ao todo, buscas em 19 endereços de Pedro Juan Caballero foram feitas, com apreensão de quatro pistolas calibre 9mm, dois revólveres, uma espingarda e munições, além de um Jeep Renegade branco que teria sido usado durante o crime.
No dia 1° de março de 2020, quase três semanas após o assassinato, Waldemar Pereira Rivas, conhecido como Cachorrão, o principal suspeito por ser proprietário do Jeep encontrado e por morar nas proximidades da casa de Léo Veras, foi preso pela Polícia paraguaia, mas inocentado de maneira unânime por falta de provas, em novembro de 2022.
Porém, cinco meses depois, a Justiça do Paraguai anulou a absolvição, sob alegação de má conduta dos membros do Tribunal na resolução do caso. Ele também integra a quadrilha de traficantes do PCC que atua na fronteira do Brasil com o Paraguai. Waldemar continua em liberdade até hoje.
Segundo o promotor paraguaio responsável pelo caso, Marco Amarilla, a investigação constatou que o jornalista vinha sofrendo ameaças e, em seus últimos dias, viveu com medo. Inclusive, um amigo de Léo Veras relatou que se encontrou com ele semanas antes da execução e o jornalista revelou sobre as constantes intimidações.