No âmbito da “Operação Dowfall”, deflagrada pela Polícia Federal em oito Estados contra uma quadrilha de traficantes de drogas que abastecia a Europa em complexa estrutura logística, que usava mergulhadores para esconder cocaína em navios, cumpriu seis mandados de prisão em Mato Grosso do Sul.
Segundo a PF, foram cumpridos dois mandados em Campo Grande e quatro mandados em Dourados. Ao todo, 26 mandados de prisão preventiva foram cumpridos e realizadas três prisões em flagrante, sendo que uma das prisões foi por mandado em aberto – 28 integrantes da organização criminosa até agora.
Ainda foram apreendidos 12 veículos, armas, drogas e joias. Três pessoas seguem foragidas. Também foram cumpridos mandados no Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo e Goiás. A PF descobriu uma complexa estrutura criada pela organização criminosa que fazia o tráfico usando até mergulhadores para a colocação da droga em compartimento submerso dos navios, entre outros métodos.
Durante a deflagração da operação foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam um valor estimado de aproximadamente R$ 1 bilhão.
As investigações da Polícia Federal revelaram que a organização tinha uma complexa estrutura logística para operacionalizar as ações de narcotráfico interestadual e internacional, que abrange desde a produção da droga no exterior, seu posterior ingresso e transporte dentro do território nacional, distribuição interna, preparação e o envio dos carregamentos de cocaína para o exterior utilizando principalmente o modal marítimo.
Grande parte da droga movimentada pelo grupo tinha como destino os portos da Europa e, para isto, atuavam predominantemente na região do Porto de Paranaguá/Paraná, local de onde exportavam grandes quantidades de cocaína através da contaminação de contêineres (método RIP ON RIP OFF), ocultação em cargas lícitas (RIP ON na carga), em refrigeradores de contêineres (RIP ON NO REEFER), uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimento submerso dos navios, entre outros métodos.
Foram identificadas diversas apreensões de carregamentos de cocaína vinculados à atuação desta organização criminosa e, por meio de um trabalho conjunto entre a Polícia Federal e a Polícia Civil do Paraná, também foram realizadas prisões em flagrante e apreensões de droga no decorrer da investigação, totalizando aproximadamente 5,2 toneladas de cocaína.
Ainda segundo a Polícia Federal, os lucros obtidos com essas atividades criminosas também estavam sendo usados para subsidiar a ampliação da estrutura logística do grupo, mediante aquisição de aeronaves, barcos, empresas, imóveis, entre outros instrumentos destinados a fomentar a expansão das suas ações, além de armas de fogo e munições para intensificar o poderio bélico e a capacidade de intimidação em face de outros grupos criminosos.
Além do esquema de narcotráfico, alguns dos seus integrantes também estão envolvidos em outros crimes, como homicídios e o tráfico de armas de fogo, munições e acessórios, que também eram fornecidas para subsidiar a guerra entre facções criminosas no litoral paranaense e impor o domínio territorial naquela região.
As investigações revelaram ainda que lideranças dessa organização empregavam diversas metodologias para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos seus vultosos ganhos financeiros e do patrimônio multimilionário constituído a partir dos crimes perpetrados. Nesse contexto, apurou-se que o principal esquema financeiro para promover a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas era o investimento no setor imobiliário do litoral de Santa Catarina.
Os investimentos consistem na aquisição de apartamentos de alto padrão e financiamento com o dinheiro ilícito para construção de empreendimentos imobiliários, o que era feito com a conivência de algumas construtoras e empresas do setor envolvidas no esquema criminoso. Essas empresas são suspeitas de realizar negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados que foram custeados com recursos oriundos do tráfico internacional de drogas, havendo indícios de que seus representantes tinham conhecimento da procedência ilícita dos valores que subsidiaram as transações.
As investigações também constataram pagamentos de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie sem a devida comunicação aos órgãos competentes, bem como a utilização de interpostas pessoas para ocultar a identidade do real adquirente. O nome da operação Downfall faz alusão à efetiva desarticulação estrutural e financeira da Organização Criminosa, resultado este que é possível em razão da cooperação entre as instituições. Estão envolvidos na operação, cerca de 350 policiais federais, 130 policiais civis e 25 auditores da Receita Federal.