A Polícia Federal está investigando a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis e o mapeamento inédito identificou 941 postos de combustíveis suspeitos de envolvimento com facções criminosas em pelo menos 22 estados, sendo quatro em Mato Grosso do Sul.
Para chegar à lista, conforme o site Campo Grande News, foram relacionados todos sócios com antecedentes criminais e envolvimento em operações policiais, como roubo de cargas e uso de laranjas.
A apuração é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, conta com a participação da Polícia Federal, Receita Federal, Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e Ministério de Minas e Energia.
O foco é desarticular esquemas de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, uso de laranjas e adulteração de combustíveis. O levantamento indica que redes de postos sob o controle de facções como PCC (Primeiro Comando da Capital), Comando Vermelho e Família do Norte operam com ramificações nacionais.
Embora estados como São Paulo e Goiás concentrem o maior número de estabelecimentos sob suspeita, os investigadores apontam que a operação das facções se espalha por regiões estratégicas como Mato Grosso do Sul, por sua localização na rota do tráfico de drogas e armas, na fronteira com Paraguai e Bolívia.
A movimentação financeira elevada e o uso intenso de dinheiro em espécie tornam os postos de combustíveis um ambiente propício para a lavagem de recursos ilícitos. O promotor de Justiça Fábio Bechara, do MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo, disse que o interesse do crime nesse mercado remonta ao fim dos anos 1990, mas se sofisticou nos últimos anos.
Em Mato Grosso do Sul, fontes do setor de segurança consultadas sob condição de anonimato reconheceram que há apurações em curso, especialmente nas regiões de fronteira e em áreas com histórico de movimentação atípica de combustíveis.
O ministro de Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, já havia declarado em fevereiro a intenção de unificar as apurações em um inquérito mais abrangente, com foco nacional, após reconhecer que os casos até então investigados eram pontuais e setoriais. A meta agora é rastrear redes criminosas com atuação simultânea em diferentes partes do país.