E a ação de pistoleiros na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul voltou com força total. Após 24 horas de uma execução de um homem em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), na noite de ontem (24) o pastor Kleber Rocha Pinto foi assassinado a tiros na cidade sul-mato-grossense.
Com essa morte, o número de execuções na região chega a 83 somente neste ano, sendo 14 mortes em janeiro, 10 em fevereiro, 21 em março, 8 em abril, 18 em maio e 12 em junho. A vítima estava na frente de seu estabelecimento, uma empresa de representação de refrigerantes, na saída para Antônio João (MS), quando foi surpreendida por dois criminosos.
Os homens estavam em uma moto e dispararam vários tiros de pistola contra a vítima. Três tiros acertaram o pastor, que chegou a ser encaminhado até o Hospital Regional de Ponta Porã por uma mulher, não identificada, mas acabou não resistindo aos ferimentos.
A testemunha contou à Polícia Civil que escutou os disparos e, na sequência, já encontrou a vítima ferida. Já os pistoleiros ainda não foram localizados pela Polícia. A vida pregressa do pastor foi marcada pelo envolvimento em um crime de grande repercussão, ocorrido no ano de 1998, em Dourados (MS).
Naquela época, quando ainda era estudante de Direito, aos 36 anos, Kleber Pinto foi preso suspeito de ser o mandante da execução do agente da Polícia Federal Marcos Antônio Soares Assunção, de 35 anos, mais conhecido como “Rambo”.
Naquele dia 23 de junho de 1998 o agente foi executado com 5 tiros em uma região de mata na Rua Dezidério Felipe de Oliveira, periferia de Dourados. Ele teria ido ao local depois de receber um telefonema anônimo de uma pessoa informando que havia um ponto de drogas na rua, mas tudo não passava de uma emboscada.
Ele estava armado com uma pistola calibre 9 mm, um revólver e tinha um fuzil calibre 5,56 mm em seu veículo, mas sequer teve tempo de reagir aos disparos. O policial federal tinha o apelido de “Rambo” porque atuava nas operações de repressão ao contrabando e ao tráfico de drogas com os seus cabelos compridos amarrados por uma fita, carregava um fuzil nas costas e pistolas na cintura, semelhante ao personagem vivido por Sylvester Stallone nos cinemas.
Kleber Pinto foi preso no mesmo dia do crime, depois que quatro testemunhas informaram à Polícia Federal que ele estava ao volante de uma picape de onde saíram os tiros que mataram o agente federal. À Polícia, ele contou que era “informante” de “Rambo”, negou ter envolvimento no caso, mas revelou a identidade do atirador.
O suposto comparsa do então estudante de direito era Jaime Favaro ou “Gauchinho”, que inclusive já era apontado como responsável por vários outros assassinatos na cidade. Depois de executar o agente, “Gauchinho” fugiu de Dourados usando uma motocicleta que pertencia a Kleber.
Com a morte de “Rambo” e a prisão de Kleber Pinto, um grupo formado por cerca de 45 agentes federais iniciaram uma “caçada” para capturar Jaime Favaro. Ele foi encontrado em uma mata em Laguna Carapã, teria reagido e acabou morto com cerca de 20 tiros de pistolas e escopetas calibres 12 e fuzil.
Até um avião teria sido usado nas buscas. Já Kleber foi solto da prisão para responder ao processo em liberdade e acabou se mudando para Ponta Porã onde além de comerciante também tinha uma igreja evangélica no distrito de Sanga Puitã.