Longe dos holofotes da imprensa e sentindo-se abandonado, o vereador “bailarino” Tiago Vargas (PSD) voltou a aprontar ontem (14) na Câmara Municipal de Campo Grande. O local foi, mais uma vez, palco de confusão entre o “nobre” parlamentar e os produtores culturais.
Segundo o site “O Jacaré”, profissionais do setor foram até a Casa de Leis cobrar mais investimentos e acabaram sendo alvo de provocações de Tiago Vargas, que mostrou uma carteira de trabalho e fez gestos aos artistas que acompanhavam a sessão, insinuando que os profissionais da cultura não gostam de trabalhar.
No entanto, ele esqueceu que tem uma irmã comissionada, cuja remuneração bruta é de R$ 12,7 mil por mês, na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande. A parente do parlamentar ocupa o cargo de “assessora-executiva II” desde março de 2021, ou seja, três meses após o ex-policial civil assumir sua cadeira no Legislativo municipal.
Naquele ano, o prefeito era Marquinhos Trad (PSD), correligionário do parlamentar. No entanto, Tiago Vargas deve deixar a sigla na próxima janela partidária e um dos possíveis destinos é o PP, da atual chefe do Executivo, Adriane Lopes.
Apesar de estar lotada na Secretaria de Cultura, a irmã de Vargas diz ser bacharel em Enfermagem e corretora de imóveis.
Entenda a confusão
Na manhã de ontem, representantes do setor cultural de Campo Grande lotaram o plenário da Câmara Municipal para pedir ajuda dos vereadores para intermediar junto à prefeitura aumento nos recursos investidos na cultura.
Integrante do Fórum Municipal da Cultura, Romilda Pizani utilizou a tribuna da Casa para cobrar a publicação de editais e o pagamento de R$ 8 milhões em recursos públicos para o setor.
“Precisamos de todos vocês vereadores para contribuir com que essa gestão municipal publique nosso edital com valor de R$ 8 milhões de reais. Temos uma defasagem com relação aos editais no valor de R$ 4 milhões. Foi aprovado nesta Casa um acréscimo de R$ 2 milhões para contribuir com a cultura, mas esse valor também não atende a classe artística de Campo Grande, que chega a um milhão de habitantes. Estamos aqui para reivindicar esse direito”, declarou Romilda.
Em meio ao discurso, Tiago Vargas provocou os presentes com uma carteira de trabalho e disse para procurarem emprego na Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande). Isso gerou uma discussão que escalou a ponto de o presidente Carlão (PSB) suspender a sessão.
Vargas acabou sendo retirado do plenário por seguranças da Câmara. Provocado, o grupo de artistas lembrou que a irmã de Tiago estava lotada em cargo de comissão na Secretaria de Cultura, apontando a hipocrisia da situação.
“Faz muito tempo que ela está nomeada. Está trabalhando, Graças a Deus e vai continuar trabalhando em nome do Senhor Jesus Cristo, pois ela corre atrás do sustento dela. Fala para esses esquerdistas da Cultura que tem um monte de vaga na Funsat e na Funtrab”, declarou Vargas.