Ainda segundo consta, o ex-chefe de cartório passava informações privilegiadas, como decisões judiciais, manifestações e procedimentos administrativos instaurados em presídios. Foi dado acesso pelo servidor ao advogado aos sistemas Sigo e Siapen. Com isso, o advogado teria feito consulta ao nome de um delegado de polícia da cidade.
Ele também repassou informações e transferências de líderes do PCC para o Sistema Penitenciário Federal. Ainda foram localizadas conversas no celular do ex-servidor acerca de ordens a integrantes do PCC para que promovessem o assassinato do juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, da Vara de Execuções Penais de Uberlândia/Minas Gerais, e da juíza Andrea Cristina de Miranda Costa e da promotora de Justiça Cynthia Maria dos Santos da Silva Jorge, atuantes perante a 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte/Minas Gerais.
No celular do magistrado Lourenço Rodrigo também foram encontradas ordens, conhecidas como ‘salves’ do PCC, o que reforça a suspeita do seu envolvimento como infiltrado dessa organização criminosa no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. Foram confirmadas as prisões de seis advogados de Mato Grosso do Sul, que estariam ligados à facção criminosa PCC. Um ex-chefe de cartório – que é servidor do judiciário – e policial penal também foram presos. Mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do agente penitenciário.
A operação
Durante a “Operação Courrier” foram cumpridos mandados contra seis advogados, um servidor do Poder Judiciário – ex-chefe de Cartório -, um servidor da Defensoria Pública e também um policial penal, totalizando nove prisões em Campo Grande. Outros mandados foram cumpridos em Dourados, Jardim e Jaraguari.
A ação, que foi denominada Courrier por significar “correspondência” na tradução do francês para o português, cumpriu ao todo 38 mandados judiciais. Conforme o Gaeco, a operação mira o núcleo “Sintonia dos Gravatas”, célula do PCC em que advogados usam de suas funções para transmitir recados aos faccionados presos.
Ainda de acordo com o Gaeco, o grupo criminoso estaria articulando atentados contra a vida de agentes públicos, entre eles promotor do Gaeco e um juiz de Direito de Campo Grande. Um advogado foi preso no condomínio Acqua Verano, na Avenida Rachid Neder. Ele é defensor de um dos suspeitos de envolvimento na morte do garagista Carlos Reis Medeiros, conhecido como “Alma”, que desapareceu no dia 30 de novembro de 2021.
Já na rua Sebastião Lima, na residência onde mora um casal, policiais cumpriram dois mandados, sendo um de busca e apreensão e um de prisão. Garras, Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) também atuam na operação.
A Defensoria Pública de MS informou em nota que o servidor alvo da operação não é defensora ou defensor público. “A Defensoria informa, ainda, que acompanha o caso que cita o servidor, aguarda por mais informações a respeito da operação e está à disposição para colaborar com as instituições que realizam a investigação no que for necessário”. Com informações do site Midiamax