Operação Anarque! Justiça manda soltar 8 integrantes de quadrilha formada por advogados

A Justiça de Mato Grosso do Sul autorizou a libertação de oito integrantes de quadrilha de advogados, que foram presos há sete dias durante a “Operação Arnaque”, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), acusados de movimentar R$ 190 milhões em golpes.

São eles: as advogadas Josiane Alvarenga Nogueira e Iolanda Michelsen Pereira; a esposa de Luiz Fernando e a de seu irmão, Gislaie Dias Camargo Ramos e Evelym Almeida Barbosa; Luana Venturini Militz; Givanildo Carlos de Lima; Gigliane Nascimbeni Gaspar da Silva; e Nádia Soares.

Os advogados colocados em liberdade terão de usar tornozeleira eletrônica, sendo que o advogado Luiz Fernando Cardoso Ramos, considerado um dos chefes do esquema, continua preso no Piauí, aguardando vaga em cela do Presídio Militar de Campo Grande.

Ele, junto com os também advogados Alex Fernandes da Silva e Josiane Alvarenga Nogueira, são tidos como cabeças da organização criminosa, liderando dois grupos distintos para a aplicação dos golpes. Josiane Nogueira conseguiu prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Em parte do pedido de prisões e buscas feito pelo Gaeco, um dos alvos da operação e integrante da quadrilha, Everson Dias Camargo, que atuava como “gerente de captação” de vítimas no núcleo liderado por Luiz Fernando, diz que os efetivos captadores, que ligam ou abordam pessoas nas ruas, “toparam fazer um arrastão, falei pelo menos cada uma conseguir de 20 a 30 idosos esse mês de novembro”.

As investigações identificaram que após os líderes, os 36 outros alvos de mandado de prisão cumpriam funções específicas como gerentes administrativos do esquema; gestão de captação; e “paqueiros”, que efetivamente faziam a abordagem das vítimas, que eram preferencialmente idosos ou indígenas, sempre beneficiários de programas sociais.

Quando as abordagens não eram feitas por telefone ou nas ruas, os trabalhos eram iniciados com a coleta de dados através de reclamações junto ao Portal do Consumidor do Governo Federal, usando nomes e dados sem que os respectivos consumidores tivessem ciência. Com isso, eles conseguiam cópias de contratos de consignados e ajuizavam ações.

Outra forma de obter documentos de beneficiários de programas sociais e usar seus dados para impetrar ações na Justiça era através de aplicativos ilícitos que conseguem acesso a dados sigilosos de várias pessoas através do CPF.

Com isso, segundo o Gaeco, a organização conseguia identificar o maior número de pessoas em condição vulnerável, como idosos, analfabetos e indígenas, que eram beneficiárias de programas sociais ou que tinham empréstimos junto a instituições financeiras.

Assim, o grupo conseguia “documentação e assinatura necessárias para ajuizamento de ações cíveis visando à discussão de empréstimos consignados, muitas de índole temerária e alicerçada em procurações obtidas por meio de fraudes”. Com informações do site Campo Grande News