No âmbito da “Operação Bloodworm”, deflagrada ontem (5) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul) anunciou a abertura de processo ético-disciplinar em regime de urgência para apurar a atuação de advogados presos porque atuavam para a facção criminosa Comando Vermelho (CV) no Estado.
Em nota, a OAB-MS informou que a Comissão de Defesa e Prerrogativas da Seccional e da Subseção de Dourados acompanhou as diligências feitas pelo Gaeco. Prisões ocorreram nas cidades de Campo Grande e Dourados, além do Rio de Janeiro (RJ).
“A OAB busca a apuração dos fatos com respeito a direitos e garantias dos envolvidos, além da responsabilização de eventuais práticas criminosas sob o pálio do exercício profissional. No cumprimento do seu papel fiscalizador da atividade profissional, serão ainda instaurados com urgência processos ético-disciplinares”, diz a nota.
O policial foi preso por volta das 5h30 da manhã quando os agentes chegaram à casa dele, na Vila Carvalho. Durante as buscas na residência em cumprimento do mandado foram localizadas 11 munições estrangeiras .38. Foi arbitrada fiança no valor de R$ 1.500 para o policial. No Bairro Jardim Aeroporto foi presa uma mulher, que seria integrante da facção.
Foi descoberto que agentes policiais penais e advogados estavam a serviço da facção criminosa. Segundo informações, o MPE (Ministério Público Estadual) investigou por cerca de 15 meses e foi possível descobrir investidas tímidas no Estado, para estruturar e expandir a facção em Mato Grosso do Sul.
O Estado tornou-se importante rota do tráfico de drogas e de armas de fogo, em razão de sua posição geográfica, fronteira com o Paraguai e a Bolívia. A efetiva organização do Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul teve início a partir da união entre as lideranças que estavam na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, que tinha policiais penais e advogados a serviço da facção.
O uso de celulares e as ações de “pombo-correio” feitas por advogados que integravam a facção – os gravatas – permitiam o contato entre os faccionados presos e seus comparsas em liberdade, a fim de traçar o planejamento de crimes como roubos, tráfico de drogas e comércio de armas, que foram reiteradamente praticados e comprovados durante a investigação, cujo proveito serviu para o fortalecimento do Comando Vermelho em MS.
Ao todo foram cumpridos 92 mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, Coxim, Dourados, Rio Brilhante, Sonora, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Dois Irmãos do Buriti, além do Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Paulo de Faria, Várzea Grande, Cuiabá, Sinop, Cáceres, Marcelândia, Primavera do Leste, Vila Bela da Santíssima Trindade e Mirassol do Oeste, no Mato Grosso.