O Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde divulgado nesta terça-feira (15) revela que o número de mortes pela Covid-19 em Mato Grosso do Sul não recuou. Mesmo assim, as prefeituras de Campo Grande, Três Lagoas, Ponta Porã e Sidrolândia não adotarão medidas restritivas recomendadas pelo governo estadual por meio do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança da Economia), que classifica as cidades em diferentes graus de risco com base em critérios como a ocupação de leitos, vacinação, incidência e mortalidade da covid-19.
Nas últimas 24 horas, conforme o boletim, foram 1,3 mil infectados e 52 óbitos por Covid-19 em Mato Grosso do Sul e, com isso, o Estado chega a 315,8 mil confirmações e 7.569 óbitos desde o início da pandemia em março de 2020. A maioria das mortes, ou seja, 30 pessoas, é de pacientes com menos de 60 anos de idade, o que confirma cada vez mais que a pandemia tem feito vítimas mais jovens, ao passo em que a campanha de vacinação já tem protegido um pouco mais os idosos.
Atualmente, conforme o vacinômetro, 36% da população sul-mato-grossense recebeu ao menos uma dose e apenas 13% recebeu duas doses, que garantem total eficácia prevista do imunizante contra casos de coronavírus. Por ora, esse número está restrito, em sua maior parte, a grupos específicos, já que a vacinação por faixa etária retornou no começo deste mês.
Vale ressaltar que, conforme o PNI (Plano Nacional de Imunizações), a aquisição de mais doses é de responsabilidade do governo federal – portanto, pelo 3º dia consecutivo, Campo Grande não aplica vacinas porque as doses estão em falta. A situação hospitalar continua crítica, já que a média estadual de ocupação de leitos de terapia intensiva vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde) é de 104% – ou seja, não há vagas disponíveis e há excedente de pacientes sendo tratados acima da capacidade oficial.
Municípios contra o aumento de restrições
As prefeituras de Campo Grande, Três Lagoas, Ponta Porã e Sidrolândia também decidiram liberar o funcionamento das atividades do comércio. Em todos esses casos, o Governo do Estado se posiciona delegando ao Ministério Público a fiscalização e cobrança da manutenção sanitária de cada lugar. O último a entrar na lista é Sidrolândia, onde a prefeitura discorda de ter sido incluída na classificação de “Bandeira Cinza” do programa, por considerar que a cidade não vive o pior momento da pandemia assim como outros lugares do Estado.
Procurada, a Segov (Secretaria Estadual de Governo e Gestão Estratégica) informou que não se posicionará sobre o assunto, já que o Governo do Estado entende que cabe ao MPE (Ministério Público Estadual) controlar e fiscalizar as ações, bem como tomar as medidas cabíveis. Em nota divulgada ontem (14) à imprensa, foi dito que o Prosseguir considerou reivindicações da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) de medidas mais restritivas, se baseando em “dados técnicos”. Portanto, prefeitos que adotarem medidas mais flexíveis das previstas no decreto estadual estariam assumindo “a responsabilidade sobre as consequências decorrentes de seus atos”
Em Sidrolândia, a Prefeitura local ainda informou que decreto municipal seria publicado hoje estipulando adoção do toque de recolher das 20h às 5h e com a proibição do consumo de bebidas alcoólicas no comércio ou vias públicas, em período de duas semanas. No entanto, essa publicação também foi revista pela Procuradoria Geral do Município, até que haja resposta do governo estadual. Até o momento, o documento não foi publicado no Diário Oficial dos Municípios.
Foi ressaltado que o município ocupa 45º posição em incidência de novos casos e, portanto, não haveria necessidade de maior rigidez nas medidas. Ainda assim, foi garantido que a prefeitura manterá “campanha de conscientização e fiscalização junto à população e ao comércio, para o cumprimento das normas de biossegurança, principalmente, o uso de máscara e utilização de álcool 70%, líquido ou gel”.