No colapso! Santa Casa está improvisando leitos no chão para acidentados por falta de vagas

Em razão da superlotação causada pelo aumento no número de pacientes do setor de trauma em busca de atendimento de ortopedia, a Santa Casa de Campo Grande está tendo de improvisar leitos no chão com macas.

Médica intensivista e gerente de Regulação do hospital, Patrícia Berg Leal informa que o hospital tem 600 leitos para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e que na manhã de ontem (20) tinha 587 pacientes internados, sendo alguns deles no pronto-socorro aguardando liberação de vaga na enfermaria.

A situação de superlotação da Santa Casa vem sendo uma realidade para o hospital há uma semana, principalmente em virtude do aumento de pacientes com trauma ortopédico. Patrícia relata que só no último fim de semana havia 55 pessoas na fila pré-ortopédica e que outros 54 pacientes chegaram à unidade via encaminhamento.

O hospital também dispõe de 115 leitos para pacientes do SUS, que são da Unidade de Trauma. Ainda assim, em alguns casos, principalmente durante ou após feriados festivos como o Carnaval, essa quantidade de leitos não consegue atender toda a demanda hospitalar, por conta da chegada de novos pacientes por meio da Rede de Atenção à Urgência e Emergência (RUE).

Médico cirurgião torácico e coordenador do Centro Cirúrgico, Diogo Gomes pontua também que todo o atendimento passa pela forma como é feita a contratualização do serviço pelo SUS.

Segundo ele, a Santa Casa tem um contrato que prevê um perfil de paciente específico para a regulação do hospital, porém, muitas vezes, a entidade acaba absorvendo pacientes que não estão dentro desse perfil, o que acaba naturalmente aumentando a demanda da instituição.

O Centro Cirúrgico da Santa Casa funciona 24 horas, e só na ortopedia, que dispõe de cinco das 16 salas, são realizados em média 30 procedimentos diários, aproximadamente 800 por mês. Além dos pacientes de urgência e emergência, o hospital realiza também cirurgias eletivas na área de ortopedia, que ficam em torno de 30% a 40% do total da capacidade, dependendo da demanda da Santa Casa.

Entre as demandas de cirurgias eletivas que a Santa Casa atende, as especialidades são as mais variadas, como neurocirurgia, urologia e cirurgia cardíaca pediátrica e adulta. Os médicos pontuam que, além das demandas dessas “duas portas”, os pacientes mais complexos, que precisam de mais de um procedimento ou alguma especialidade ortopédica, precisam ficar mais tempo nos leitos, o que também colabora com a superlotação.

Entre as possíveis soluções pontuadas pelos especialistas da Santa Casa estão os arranjos e os acordos dentro da própria instituição, o que, segundo eles, é feito constantemente.

Além disso, são necessários locais adequados para a desospitalização. De acordo com os profissionais, muitos pacientes não conseguem voltar rapidamente para uma vida ativa e acabam precisando de cuidados de terceiros, o que as famílias não conseguem proporcionar. Com isso, esses pacientes seguem no hospital.

Ainda, uma melhor atenção à saúde primária, a fim de prevenir doenças como as crônicas, que podem ser tratadas em outras unidades, e não evoluir para casos mais graves, que necessitam de cirurgias e internações. Por fim, os médicos também elencam uma revisão para a melhora do fluxo de entrada e saída na unidade como uma das soluções para o problema atual.

Foi relatado que há o apoio de diversos hospitais, como o São Julião, que auxilia com a demanda de pacientes que se tornam clínicos, e o Hospital Universitário (HU) e o Hospital Adventista do Pênfigo, os quais também atendem pacientes de trauma, porém, em uma escala menor. Com informações do Correio do Estado