Para que Lino fosse entregue à PF pela equipe da Polícia Boliviana foi montado um forte esquema de segurança na linha internacional entre as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez com Corumbá. A Polícia Militar deu apoio ao comboio que transportava o criminoso até a cidade sul-mato-grossense, onde está preso aguardando a transferência para Campo Grande.
Antes de ser entregue à PF, o narcotraficante precisou passar pelo setor de Imigração da Bolívia, onde a expulsão foi oficializada, e, em seguida, foi entregue aos agentes brasileiros para ser levado até o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para passar por exame de corpo de delito.
Após protagonizar fuga misteriosa da Máxima, Lino surgiu como um dos mandantes do roubo das três aeronaves do Aeroclube de Aquidauana, na madrugada do dia 6 de setembro de 2021. Um dos aviões pertencia ao cantor, compositor, ator e pecuarista Almir Sater, que estava com a permissão de voo suspensa na época.
Lino foi citado no depoimento de Cristhofer Cristaldo Rocha, de 20 anos, preso junto com Roger Breno Wirmond dos Santos, o “Zoio”, em Anastácio (MS), por participação no crime. Segundo os dois presos, em Aquidauana, o roubo das aeronaves também foi pensado por Lázaro da Silva Ramires, já preso e processado por crimes de tráfico de drogas e furto qualificado (por mais de uma vez).
O “gerente” da quadrilha, no entanto, precisava repassar as informações do crime para outras pessoas. Uma delas era Lino. No dia 30 de agosto, Lázaro Ramires teria atendido várias chamadas de vídeo feitas pelo foragido. Nas conversas, exigia saber dos detalhes do crime, como a chegada dos pilotos e copilotos bolivianos a Mato Grosso do Sul.
A quadrilha chefiada por Lino também roubou três aviões e matou o empresário Luís Fernandes de Carvalho em Corumbá em 2004. Se somadas, suas condenações nos mais diversos crimes ultrapassam 80 anos de prisão. Em 2015, ele foi condenado a 22 anos de prisão em regime fechado pela tentativa de assassinato de policiais rodoviários federais em julho de 2010, quando ele e um comparsa foram baleados, após furar um bloqueio e disparar 10 tiros contra as equipes na BR-262, em Terenos.
Eles tentavam trazer cocaína da Bolívia e Lino ainda foi condenado por tentativa de homicídio, tráfico de drogas e uso de documentos falsos, em nome de Jairo dos Santos. Cumpria pena na Máxima de Campo Grande, quando “sumiu” durante o expediente de limpeza da unidade. Ele tinha autorização para trabalhar na faxina da escola localizada no interior do presídio. A suspeita é de que ele tenha se escondido em um dos carros de empresa terceirizada.