Segundo Marcos Alex, que antes usava o nome de Alex do PT, o ex-prefeito Alcides Bernal tinha dentro do gabinete uma estrutura de pessoas para manusear o Facebook, com postagem atacando a Câmara, atacando até vereadores aliados que em determinado momento tinham feito pronunciamento ou alerta. “Uma paranoia generalizada”, afirmou.
Arrolado como testemunha dos ex-vereadores Mario Cesar e Paulo Siufi, o ex-líder afirma que o poder subiu à cabeça de Bernal, que resistia a fazer composições políticas, articular-se na eleição para presidente do Poder Legislativo, montar secretariado ou pagar empresas. Na versão do ex-prefeito, os vereadores queriam apadrinhar empresários em contratos com a prefeitura de Campo Grande.
Marcos Alex criticou episódio em que Bernal convidou empresário ao Paço Municipal para orientar sobre desistência de contrato. “E depois oferece novo contrato em caráter de emergência, não é uma postura republicana”, afirma. Para o ex-parlamentar, a Câmara Municipal não impôs obstáculo à administração de Bernal e descartou conluio entre empresários e vereadores na cassação, efetivada em março de 2014, segundo ano de mandato do prefeito.
“Nunca vi qualquer tipo de proposta que passasse por adquirir vantagem para cassar Bernal. A Câmara não é órgão que impede o prefeito de governar”, disse. O depoimento, que se alongou por quase duas horas, teve momentos de tensão quando entraram em cena os promotores de Justiça Humberto Lapa Ferri e Adriano Lobo, representantes da acusação.
A introdução para uma das perguntas provocou reação de Marcos Alex. O promotor Humberto lembrou que na última eleição para prefeito, o ex-vereador vestiu o 55 de Marquinhos Trad (PSD). “Apoiei o Marquinhos na condição de cidadão. O senhor deve ter votado e apoiado alguém”, respondeu Marcos Alex.
Questionado por que não desistiu de apoiar Bernal diante do comportamento que reprovava – como a falta de diálogo ou marcar reunião na Câmara e não aparecer-, o depoente retorquiu que fez oposição por 16 anos ao grupo político de André Puccinelli (MDB) e estava empenhado para o sucesso do mandato de Bernal.
Em um contrassenso, diante das críticas ao ex-prefeito, Marcos Alex destacou que o PT lutou para que Bernal retornasse ao comando da prefeitura. Sobre o empresário João Amorim, réu por financiar a cassação, ele afirma que teve um único contato. O todo poderoso empresário ligou pedindo para que o então líder fizesse a ponte entre ele e Bernal. “Fiz o contato e nunca mais tive contato com o Amorim. Nem por telefone nem pessoalmente”.
Os promotores questionaram o motivo da ligação. “Foi no sentido de me pedir socorro, situação caótica, colocar o contrato para andar”. Na sequência, o ex-vereador foi indagado sobre qual contrato. “Não sei exatamente, mas acho que era questão da Solurb, prestação de serviço”, disse, citando o polêmico contrato do lixo. Com informações do site O Jacaré