A campanha eleitoral recém foi liberada pela Justiça Eleitoral e o candidato a prefeito de Campo Grande pelo PP, Esacheu Nascimento, já é alvo de denúncias feitas por ex-conselheiros do maior hospital do Estado, a Santa Casa da Capital, de onde foi presidente por dois mandatos. Conforme eles, Esacheu Nascimento teria usado a gestão da Santa Casa para com objetivo eleitoral, deixando de lado a saúde.
O ex-conselheiro Irapuã dos Santos acusa o candidato a prefeito da Capital de não publicar contratos e licitações feitas pela Santa Casa na época em que estava à frente do hospital. “A Santa Casa é uma entidade filantrópica, e como tal de quem obedecer à Lei que a equipara a órgão público, por receber verbas públicas, logo tem que publicar contratos, licitações, e não faz nada disso. Eu questionei a situação e acabei expulso”, afirmou ao site Top Mídia News.
Ele explicou ao site que no começo da gestão de Esacheu Nascimento a Santa Casa devia R$ 69 milhões e hoje a dívida é de R$ 193 milhões. “Só em 2019, o chamado gasto operacional teve um aumento de R$ 25 milhões, de onde isso?”, questiona, informando que levou a situação ao MPF (Ministério Público Federal), onde pelo menos dois procedimentos e uma recomendação foram emitidos.
Sobre a recomendação do MPF, quem comenta o caso é o ex-presidente do hospital Wilson Teslenco. “É simples, o documento fala para a Santa Casa justamente não repetir o que foi feito na administração de Esacheu Nascimento, que foi o excesso de contratações de terceirizados. Esacheu fez uso político da administração à frente da Santa Casa. Tanto que ele entrega cartão com a logo do hospital nas costas, falando que qualquer coisa pode falar com ele”, denunciou.
Outro a apontar graves denúncias contra a gestão do hoje candidato é o médico Ronaldo Costa, militante da Saúde de Campo Grande. “É uma entidade filantrópica, que usa esses benefícios, como isenção de FGTS e IR, e terceiriza para empresas com fins lucrativos, que faturam lucro sem arrecadar impostos, e não contrata ninguém. A Santa Casa recebe verba para atender 695 leitos todo dia, mas não ocupa mais de 400, é uma apropriação indébita”, alertou.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara de Vereadores de Campo Grande que investigou a situação do hospital também apontou problemas na gestão de Esacheu Nascimento. “É sabido que se trata apenas de uma questão de tempo para que seja realizado o pedido de falência por algum credor, tendo em vista a situação de calamidade orçamentária que a Santa Casa de Campo Grande comporta, com um déficit superior a R$ 291 milhões”, traz parecer emitido pelo presidente da CPI, vereador delegado Wellington.
O mesmo parecer ainda traz que, para que possa haver um reequilibro aos cofres da Instituição, “far-se-á necessário por parte do administrador eliminar os gastos excessivos”. “Um ótimo ponto de partida seria a reanálise da diferença entre os anos de 2017 a 2018, que foi palco de um aumento de R$13 milhões nos serviços prestados por terceiros, bem como, renegociar as suas dívidas de modo a diminuir ou extinguir a incidência de juros e demais tarifas inclusas na mora do pagamento. […] Por fim, constatada a desídia da ABCG e a má gestão administrativa aparente’”, concluiu.
O site Top Mídia News questionou o ex-presidente da Santa Casa sobre as denúncias e recebeu uma nota oficial da assessoria de imprensa, que pode ser lida abaixo:
“O candidato a prefeito Esacheu Nascimento afirma que são infundadas e pífias as supostas denúncias relacionadas ao período em que foi presidente da Santa Casa de Campo Grande.
É público e notório que os autores dessas acusações são ex-associados que tiveram má conduta perante a Santa Casa e seus membros e, por isso, sofreram as consequências legais e acabaram ou excluídos dos quadros da entidade, ou renunciando às suas funções.
As dívidas atuais da Santa Casa foram herdadas da gestão pública que interveio no hospital de 2005 a 2013. Novos empréstimos foram contraídos para rolagem dessas dívidas – fossem para pagar 13º salário dos funcionários, ou para compra de medicamentos e materiais. Isso se deve ao reconhecido déficit entre o valor pago pela prefeitura e o que é gasto pelo hospital para atender os pacientes. Ademais, informações sobre a contabilidade do hospital devem ser obtidas junto à Santa Casa que, aliás, já prestou esclarecimentos publicos por meio da mídia.
O que se quer encobrir da população com informações distorcidas é que a Santa Casa dobrou a quantidade de atendimentos e cirurgias realizadas nos últimos quatro anos. Somente em 2019, foram realizados 1,4 milhão de atendimentos, com destaque para 94 mil atendimentos de urgência e emergência, 3 mil partos na maternidade, 43 mil cirurgias e 86,4 mil exames laboratoriais.
Quanto à acusação de que o candidato estaria usando a Santa Casa como fundo de campanha, trata-se de um direito de quem tem o crédito de uma gestão profícua em favor do hospital e da população, durante os últimos quatro anos, de forma voluntária e graciosa”.