Condenado a nove anos de prisão por corrupção em Dourados (MS), o secretário municipal de Articulação Regional de Campo Grande, Darci Caldo, responde a um processo na Justiça da Capital por agressão e ameaça contra uma cirurgiã dentista.
O caso ocorreu durante a campanha eleitoral do ano passado, quando ele ocupava o cargo de assessor especial da prefeita Adriane Lopes (PP). No mesmo dia do suposto crime, Darci Caldo procurou a Polícia Civil para rebater a acusação e registrou boletim de ocorrência contra a suposta vítima por “calúnia”.
Ele negou que tenha agredido a mulher no dia 15 de setembro do ano passado na Feira do Bosque da Paz, no Carandá Bosque, em Campo Grande (MS). Cristina de Matos Oliveira, a “Tina Matos”, contou que estava realizando publicidade durante a feira, quando foi abordada pelo hoje secretário municipal de Articulação Regional.
Darci Caldo segurou e apertou os punhos da cirurgiã dentista, tentando tomar o telefone celular dela. Em seguida, como não conseguiu, o assessor de Adriane Lopes teria ameaçado a mulher.
Cristina Oliveira ainda contou que ele a ficou seguindo na feira, onde estava trabalhando para um adversário de Adriane Lopes na disputa pela Prefeitura de Campo Grande. Ela registrou o caso na Polícia Civil e agora está na 11ª Vara do Juizado Especial de Campo Grande.
Na ação, Darci Caldo é apontado como autor do suposto crime de ameaça e vias de fato. Naquele mesmo dia, por volta das 20h, ao tomar conhecimento do registro policial e das postagens em grupos de aplicativos e nas redes sociais de que teria agredido “Tina Matos”, ele também procurou a Polícia para registrar boletim de ocorrência por calúnia.
No boletim de ocorrência, o secretário negou que tenha agredido a mulher e reforçou que não a ameaçou em nenhum momento. Darci Caldo diz que passou a ser perseguido pela cirurgiã dentista na Feira do Bosque da Paz e teria se limitado a dizer a ela que tentava filmá-lo: “estou fazendo o meu trabalho”.
Em manifestação no início do mês, o promotor de Justiça Júlio Bilemjian Ribeiro opinou pela unificação dos dois processos para evitar decisões divergentes. “Ocorre que, o autor do fato também compareceu à unidade policial e registrou outra ocorrência, o BO nº 6916/2024, referente aos mesmos fatos ocorridos, todavia, noticiando que teria sofrido calúnia por parte de Cristina de Matos Oliveira, o que ensejou a abertura do TCO n. 0904940-94.2024.8.12.0110, o qual está em trâmite na 11ª Vara do Juizado Especial”, contou.
“Destaca-se, ademais, que os presentes autos foram distribuídos judicialmente previamente, de modo que este juízo se encontra prevento para o processamento de ambos os procedimentos. Com efeito, diante da conexão acima apontada, os procedimentos devem tramitar de forma conjunta, de modo a se evitar eventuais decisões conflitantes”, afirmou.
Dia D
Nesta quinta-feira (26), a 1ª Câmara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) julgará recurso de Darci Caldo para anular condenação a nove anos de prisão pela corrupção em Dourados, onde teria recebido propina e foi flagrado dizendo que recebeu R$ 2 milhões.
O julgamento do recurso pode livrar todos os réus condenados pela Operação Uragano, deflagrada há 15 anos para apurar denúncias de corrupção na Prefeitura de Dourados. A lista de réus que recorreram ao Tribunal de Justiça ainda é composta por Dilson Deguti Vieira (ex-secretário de Saúde em Dourados), Selmo Marques de Oliveira (então técnico de controle externo do Tribunal de Contas), Dirceu Aparecido Longhi (ex-vereador), José Carlos Cimatti Pereira (ex-presidente da Câmara de Dourados) e José Carlos de Souza (o Zezinho da Farmácia, ex-vereador).
Em 2024, eles foram sentenciados pelo escândalo do “mensalinho” na Câmara Municipal de Dourados. O juiz da 1ª Vara Criminal, Marcelo da Silva Cassavara, impôs penas que variam de 2 a 11 anos. O relator do recurso é o desembargador Emerson Cafure. O MPE é a favor da redução da pena e extinção da punição porque os crimes prescreveram em decorrência da morosidade da Justiça estadual. Com infos site O Jacaré