Os 13 municípios de Mato Grosso do Sul que fazem fronteira com Paraguai e Bolívia são responsáveis por 2 a cada 10 assassinatos no Estado neste ano, registro impulsionado pela “guerra” de facções criminosas que tentam tomar o controle do narcotráfico na região.
Conforme o Correio do Estado, as cidades de Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Caracol, Bela Vista, Antônio João, Ponta Porã, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas, Japorã e Mundo Novo representam 12,15% da população do Estado.
Isso porque eles somam cerca de 335 mil habitantes de um total de 2,7 milhões de sul-mato-grossenses, conforme o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022.
Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), os municípios que fazem fronteiras com os dois países vizinhos já registraram 75 vítimas de homicídios dolosos na região fronteiriça este ano, o que representa 21,43% dos assassinatos no Estado.
Além disso, em relação ao mesmo período do ano passado, ou seja, de janeiro a outubro, houve um aumento de 27,12% nas vítimas de homicídio doloso. Em 2024, foram 59 assassinados na fronteira.
É importante frisar que todos os números citados são dos casos que ficam sob responsabilidade de Mato Grosso do Sul, já que os assassinados do “outro lado do muro” são de encargo das forças policiais estrangeiras, seja no Paraguai ou na Bolívia.
Não é novidade que as duas maiores organizações criminosas do Brasil, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), também atuam e competem por territórios de tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul.
O aumento das mortes pode estar relacionado ao fim da trégua entre as duas maiores facções do País, que teria acabado no começo deste ano. Desde então, algumas mortes relacionadas à disputa por território chamaram a atenção, como as de Coronel Sapucaia.
Em julho deste ano, o Correio do Estado relatou que Coronel Sapucaia foi transformada em um verdadeiro faroeste, por causa das disputas entre as duas facções, com sete assassinatos na região no mês. A cidade faz fronteira com Capitán Bado, no Paraguai.
À época, um dos executados era sobrinho do narcotraficante Felipe Escurra, conhecido como Barón, que é ligado ao Comando Vermelho e conhecido na região de fronteira como “chefe da maconha”. Atualmente, Barón está foragido e é procurado por crimes no Paraguai e no Brasil.
ÚLTIMOS CASOS
Em um dos casos mais recente da luta por espaço entre as facções aconteceu ontem (21), quando um pistoleiro matou o comerciante paraguaio Cesar Michael Arguello Frutos, 37 anos, por volta do meio-dia, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS).
As imagens de câmeras de segurança mostraram o homem chegando tranquilamente ao lava-rápido onde Cesar tomava tereré com um funcionário e um amigo. Em seguida, ele saca a arma e começa a atirar no comerciante.
Depois, sai correndo e sobe na garupa da moto conduzida por outro homem que o esperava em frente ao lava-rápido (veja o vídeo acima). O funcionário do estabelecimento, Leonardo Ramón Villalba Galeano, 29, foi atingido de raspão na perna e está fora de perigo. O amigo do comerciante não foi atingido.
Segundo investigadores da Polícia Nacional, o alvo era Cesar Frutos, alvejado com 14 tiros de pistola 9 milímetros. Ele não possuía antecedentes criminais e morava no mesmo endereço onde funcionava o lava-rápido, no bairro San Gerardo.
Este foi o segundo atentado no intervalo de 24 horas em Pedro Juan Caballero. Por volta do mesmo horário, nesta segunda-feira (20), o brasileiro Jonathan Medeiro da Fonseca, 36 anos, foi executado com 16 tiros de pistola no estacionamento do Shopping China.
Morador em Capitán Bado, Jonathan foi candidato a vereador em Coronel Sapucaia em 2024, mas teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral. O amigo dele, o paraguaio Eduardo Flor Cantaluppi, 22, recebeu seis disparos e segue internado.
O ataque no estacionamento do shopping foi praticado por dois pistoleiros que estavam em uma SUV T-Cross branca. Uma caminhonete Toyota vermelha deu apoio à ação. Até agora não há pista dos autores dos dois atentados.