As investigações sobre o latrocínio – roubo seguido de morte – da pecuarista Andreia Aquino Flores, 38 anos, ocorrido no dia 28 de julho em um condomínio de luxo de Campo Grande (MS), têm novos desdobramentos. De acordo com o site Midiamax, a vítima teria pago US$ 15 mil para o assassinato do narcotraficante Ricardo Carvalho Cristaldo na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
O plano de execução do narcotraficante aconteceu depois que Andreia Flores foi agredida e teve os cabelos cortados pela ex-mulher dele. A pecuarista tinha mantido um relacionamento com o criminoso e a execução dele seria uma vingança arquitetada por ela e pela irmã. A pecuarista sabia que Ricardo Cristaldo tinha guardado R$ 600 mil e, com a execução, ela se apropriaria do dinheiro.
A mãe de Ricardo Cristaldo disse na época para a Polícia que, no fim de semana anterior ao crime, Andreia Flores almoçou na casa dela e, em dado momento, perguntou ao filho dela se ele já tinha dito que amava a mãe e, quando teve resposta negativa, afirmou: “então é melhor dizer hoje, já que amanhã pode ser tarde”, teria dito ela.
A família do narcotraficante ainda contou que, além da caminhonete, ele tinha carretas e outros bens, que acabaram desaparecendo após a sua morte. Ricardo Cristaldo foi morto com vários tiros de pistola calibre 9 mm, na Avenida Brasil, em Ponta Porã (MS), em junho de 2015.
Antes do crime, ele havia deixado a caminhonete que tinha em uma oficina de Ponta Porã, pegando o carro da pecuarista, um Hyundai HB20, branco, no qual foi executado por pistoleiros com vários tiros. Conforme apurado, a irmã de Andréia Flores teria desembolsado a quantia de R$ 50 mil para contratar e pagar uma advogada para defender Wagner Cantalupi Batista, 39 anos, pistoleiro conhecido na fronteira.
Ele tem 21 passagens pela Polícia e atualmente encontra-se detido na PED (Presídio Estadual de Dourados). Wagner Batista estava envolvido na execução de Ricardo Cristaldo e o pagamento da defesa para o pistoleiro teria como objetivo encobrir os verdadeiros mandantes do crime.
Andreia Flores foi assassinada asfixiada por Pedro Benhur após a armação de um roubo arquitetado pelas funcionárias da vítima, Lucimara Rosa Neves e Jéssica Neves Antunes, mãe e filha, que tinham como objetivo um golpe de R$ 50 mil de PIX. A pecuarista já estaria desconfiada da funcionária e queria demiti-la. Áudios demonstraram que Andreia Flores desconfiava de Lucimara Neves e queria demiti-la.
“Ah, não! Ninguém vai palpitar, principalmente, empregada”, dizia em mensagem que havia enviado a um familiar. Ela ainda falava que queria trocar de funcionária, mas antes precisava achar outra empregada. Andreia Flores estava à procura de uma funcionária de confiança para lavar, passar, fazer a comida. Na mensagem, ela ainda falava que Lucimara Neves só estava na casa porque devia serviço para a pecuarista, já que quase não trabalhava mais.
Em uma mensagem enviada pela prima de Andreia Flores, há o relato de que a pecuarista afirmava que preferia morrer a assinar qualquer papel, já que tudo que ela tinha era do filho. A mensagem se referia a documentos que a irmã da pecuarista queria que ela assinasse para quitar uma dívida de venda de gado, no valor de R$ 8 milhões.
Espera
A Polícia Civil ainda não chamou para prestar depoimento a irmã de Andreia Aquino Flores, mesmo tendo sido acusada por uma das criminosas de encomendar um “susto” na pecuarista. Em depoimento, Jéssica Neves Antunes, empregada da vítima e filha da mentora do crime, citou a irmã da pecuarista, porém, a Polícia não vê necessidade de chamar a mulher para prestar esclarecimentos.
Por enquanto, o foco da equipe de investigação é analisar o material que já tem em mãos e estudar se há envolvimento de mais pessoas, além de Pedro Benhur, no crime de latrocínio. “Ela só será chamada se for necessário, de acordo com as investigações nós vamos ouvir quem for preciso, estamos verificando o material que temos”, disse o delegado Francis Flávio Freire ao site Campo Grande News.
Jéssica Neves, filha da governanta Lucimara Rosa Neves, garantiu que a irmã da vítima ofereceu R$ 50 mil para que elas dessem um “susto” em Andreia Flores e, assim, a fizessem assinar documento relativo a um acordo que envolvia gado. O entrave judicial entre as duas trata justamente sobre isso e deveria ter sido sanado no último dia (20), quando a irmã teria de entregar à pecuarista 1.791 cabeças de gado avaliadas em R$ 5,5 milhões.
Uma ação que tramitava em Ponta Porã (MS) e teve sentença em abril de 2021, estabelecia que a irmã entregasse 33,3% do rebanho de uma das fazendas da família. O gado teria sido remanejado do local por ela e não entregue à Andreia Flores. O processo de cobrança foi protocolado em março deste ano, data em que, segundo a defesa da pecuarista, a questão ainda não havia sido resolvida.
O acordo não cumprido era fruto do espólio do pai, Ocídio Pavão Flores, morto em janeiro de 2013 vítima de infarto. Dias depois, o juiz Adriano da Rosa Bastos ordenou que a irmã fosse intimada a cumprir sentença a favor de Andréia, sob risco de busca e apreensão.
Assim como a informação de que a irmã de Andreia Flores pudesse ter encomendado um susto às empregadas, o delegado declarou como inexistente o caso entre a patroa e Lucimara Neves, episódio que classificou como “fofoca de condomínio”, e pediu que informações desencontradas parem de ser veiculadas porque podem atrapalhar as investigações.
Vai vendo!!!