As recentes alterações nas regras para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que eliminam a obrigatoriedade de frequentar uma autoescola para a primeira habilitação, estão gerando preocupações no setor. O presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado (SindCFC-MS) alertou que essa mudança pode resultar em demissões e dificuldades financeiras para as autoescolas, que já enfrentam desafios econômicos.
O presidente do sindicato expressou sua preocupação com a nova regra, afirmando que, se implementada, as autoescolas precisarão se adaptar rapidamente. “É ruim? Lógico que é ruim. Todo o investimento que você fez vai ter que ser revisto, e isso pode resultar em demissões. Será um caos financeiro”, afirmou.
Atualmente, o setor de autoescolas gera cerca de 6 mil empregos no estado, sendo 2.500 apenas em Campo Grande. Com a nova modalidade, que oferece um curso teórico gratuito e reduz a carga mínima da aula prática para apenas duas horas, o presidente não acredita que haverá uma grande saída de instrutores, pois muitos poderão optar por trabalhar como autônomos.
Desde que as discussões sobre a flexibilização das regras começaram, o sindicato observou uma queda significativa na procura por aulas, estimando uma redução de 70% a 80% no número de alunos. Na última segunda-feira, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou por unanimidade a mudança, que visa tornar o processo de habilitação mais acessível.
“Hoje, todos estão trabalhando com incertezas, esperando que a carteira fique mais barata, mas a realidade pode ser diferente”, comentou o presidente do sindicato. Apesar das mudanças, ele acredita que o custo da habilitação pode não ser reduzido para todos, beneficiando principalmente aqueles que já têm alguma experiência na direção.
Preocupações com a Qualificação
O presidente do sindicato alertou que, para quem nunca teve contato com direção, a nova carga horária de duas aulas práticas pode não ser suficiente para preparar os alunos para os exames teóricos e práticos do Detran. “Ninguém aprende a dirigir com apenas duas aulas. Se o aluno precisar de mais instrução, o custo pode acabar sendo muito maior”, ressaltou.
Atualmente, os alunos são obrigados a realizar 20 horas/aula, com um custo médio de R$ 50 cada. Para aqueles que necessitam de mais aulas, o valor pode variar entre R$ 100 e R$ 150 por hora/aula. O sindicato também destacou que, devido à pandemia, as autoescolas estão enfrentando dificuldades financeiras e não podem aumentar os preços, pois isso afastaria ainda mais os alunos.
Os instrutores de autoescola em Mato Grosso do Sul recebem, em média, entre R$ 3.500 e R$ 4.500. Com as mudanças nas regras de habilitação, o futuro do setor permanece incerto, e as autoescolas se preparam para enfrentar novos desafios.
