MS é 2º do País em que a letalidade policial mais cresce e União destina recursos para reduzir mortes

Enquanto levantamento divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública revelou Mato Grosso do Sul é o 2º estado do Brasil onde a letalidade policial mais cresceu em 2023 na comparação com 2022, o governo federal destinou mais de R$ 2,7 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para o Estado investir no custeio de serviços para a redução dos índices de mortes violentas intencionais, que envolvem homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio, feminicídio e morte por intervenção de agente do Estado.

No caso dos dados do Ministério da Justiça, no ano passado, foram 138 mortos por intervenção de agentes de segurança pública no Estado, número 165,38% superior ao registrado em 2022, quando 52 pessoas foram mortas em confrontos. Mato Grosso do Sul está atrás apenas de Roraima, que apresentou crescimento de 225%, indo de 4 mortos em 2022 para 13 mortos em 2023.

Em terceiro, está Mato Grosso, que teve aumento de 104,59% no índice, com 109 vítimas em 2022 e 223 em 2023. Os dados da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) divergem dos apresentados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e apontam para 132 óbitos em confrontos no ano passado – seis a menos do que os dados nacionais.

Ainda assim, o aumento continuaria sendo o segundo maior do Brasil, com variação de 158,8% frente aos 51 óbitos registrados pela Sejusp em 2022. O ano de 2023 foi o recorde em letalidade policial em Mato Grosso do Sul, superando 2019, que teve 70 óbitos causados por agentes do Estado.

Em 2020, o índice apresentou queda de 57,1%, com 30 ocorrências registradas. Os óbitos voltaram a subir em 2021, ano em que 49 morreram. Em 2022, a Sejusp registrou 51 mortes em confrontos com a polícia. Somados os 10 anos que se tem registro, foram 488 mortos pela polícia. As vítimas eram em grande maioria do sexo masculino (88,31%), com 431 ocorrências. O sexo feminino representa 1,2% do índice, com 6 registros no período. Outras 51 vítimas (10,4%) não tiveram o sexo informado.

Recursos

O governo federal destinou mais de R$ 2,7 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para Mato Grosso do Sul, que deverão ser empregados em investimentos e custeio de serviços para a redução dos índices de mortes violentas intencionais, que envolvem homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio, feminicídio e morte por intervenção de agente do Estado.

De acordo com a determinação, o valor total corresponde à suplementação dos orçamentos de 2023 e 2024, sendo pouco mais de 1,3 milhão do ano passado e os 1,4 milhão restantes deste ano. Os valores deverão ser investidos nas Polícias Civis, sendo metade nas unidades especializadas de investigação de homicídios e buscas de pessoas desaparecidas e os outros 50%, divididos entre as unidades especializadas no combate ao crime organizado e as unidades especializadas em recuperação de ativos ou repressão ao tráfico de entorpecentes.

Em todo o Brasil, são mais de R$ 78,5 milhões para os estados e Distrito Federal (DF). O texto destaca que os estados deverão investir 68% dos recursos na melhoria desses equipamentos e o restante poderá custear a estrutura existente. Vários itens poderão ser financiados com os recursos, como aeronaves não tripuladas, equipamentos e serviços de informática.

Os recursos serão repassados diretamente aos Fundos de Segurança Pública dos Estados e do DF e obedecem às regras de prestação de contas e acompanhamento de investimento dos recursos, como apresentação de plano de ação e funcionamento do Conselho de Segurança Pública e Defesa Social na unidade federativa. As regras estão previstas na Portaria 440/2023 do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

No período de janeiro a novembro de 2023, o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), que reúne dados das secretarias dos 26 estados e do DF, apontou uma redução de 5% desse tipo de crime, comparado ao ano anterior. No entanto, no ano passado, ainda foram registrados 42.606 casos de mortes violentas intencionais.