O MPE (Ministério Público Estadual) busca reforçar a proximidade do policial federal Everaldo Monteiro de Assis com as duas organizações criminosas investigadas na “Operação Omertà” sob as lideranças dos empresários Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, e Fahd Jamil, o “Rei da Fronteira”.
Por isso, repassou para o site Campo Grande News documentos comprovando que o policial federal, que vai a júri popular a partir da próxima segunda-feira (16) por envolvimento no assassinato do empresário Marcel Costa Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, era muito íntimo de Jamilzinho e da família de Fahd Jamil.
No caso de Jamilzinho, ele tinha até um apelido pelo qual era tratado pelo empresário, tendo até o seu contato salvo do celular como “Clóvis”, enquanto com a família de Fahd Jamil o policial federal ganhou passagens aéreas de Flavio Correa Jamil Georges, filho de Fahd Jamil, para viagem ao Ceará com toda a família.
No dia 27 de setembro de 2019, quando a operação prendeu Everaldo de Assis, a busca na sua casa resultou na apreensão de um envelope onde estava escrito BOB. Dentro dele, informações sobre pessoas físicas e empresas, além de dossiê completo de empresário, incluindo até nome dos vizinhos.
Para o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), BOB é um dos codinomes de Jamilzinho. A constatação é porque em diálogos de áudio, o policial se refere assim a Jamil Name Filho, sendo que ele também era chamado de Jeep.
Os levantamentos encontrados no envelope apreendido na casa do policial federal ainda tinham uma versão virtual, salvo em cinco dos 39 pen-drives apreendidos em maio de 2019, com o então guarda municipal Marcelo Rios, que também vai a júri pela morte do “Playboy da Mansão”.
Já na agenda impressa apreendida no apartamento de Jamilzinho, o contato de Everaldo de Assis aparece como “Clóvis”. O nome ainda está num print de diálogo entre Jamilzinho e a ex-sogra. No topo da conversa, surge o aviso de mensagem de Clóvis, mas com a foto do policial federal, enviando link sobre o fuzil AK-47.
Em um diálogo com uma terceira pessoa, o policial federal aparentemente faz uma brincadeira sobre esse nome: “parece Cuba, todo espião se chama Clóvis”. Já a troca de mensagens entre o policial federal e Flavio Correa Jamil Georges, o filho de Fahd Jamil mostra o envio de bilhetes de passagem para Everaldo de Assis e quatro familiares em 20 de setembro de 2019.
“Amigão! Só olha os horários que a menina que me atende na agência conseguiu, parece um horário muito bom. Você sai hoje às 4:30 da tarde, 1h da manhã você tá lá e você volta quatro e pouco da manhã na segunda-feira, só me confirmar se o horário tá ok para você e me manda o documento mais rápido possível pra ela emitir as passagens de vocês, porque é pra hoje mesmo, pode ser que daqui a pouco não venda mais isso”, disse Flavio Correa Jamil Georges.
Depois, ele comunica Everaldo de Assis que as passagens foram compradas e lhe envia os comprovantes. Para o Gaeco, apesar de não estar na atividade investigativa da PF, o agente utiliza-se constantemente de operações da Polícia Federal em andamento para pedir extratos, localização de estação rádio base, dados cadastrais e telefônicos dos alvos que, porventura, estalam no radar da organização criminosa que presta assessoria.