O MPE (Ministério Público Estadual) pediu a condenação do ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), por enriquecimento ilícito ao não conseguir comprovar a origem do dinheiro vivo usado para a compra de um apartamento no valor de R$ 1,5 milhão em 2013. Além disso, o órgão protocolou nas alegações finais que Bernal perca o patrimônio, faça o ressarcimento aos cofres municipais e continue sem os direitos políticos por até 14 anos.
Segundo o site O Jacaré, em depoimento à Justiça, o ex-prefeito de Campo Grande não conseguiu explicar a origem do dinheiro e, em despacho, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou que o político apresente as alegações finais em 15 dias, o que pode levar ao desfecho do caso, que está próximo de completar 10 anos.
Durante o interrogatório, o magistrado questionou Bernal sobre a origem dos R$ 642 mil pagos à vista, em duas parcelas, pelo apartamento, sendo que os outros R$ 858 mil foram provenientes de financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Ele voltou a repetir que o dinheiro foi resultado das economias e do trabalho como deputado estadual, radialista e apresentador do programa Balanço Geral, da TV Record.
No entanto, o volume não foi declarado no Imposto de Renda e, em razão disso, o promotor de Justiça Fábio Ianni Goldfinger, afirmou que, “em que pese a alegação de que referido imóvel foi adquirido com ‘recursos próprios’, este não conseguiu explicar exatamente de onde vieram essas ‘economias’ mencionadas e nem o montante exato que obtinha”.
O promotor de Justiça também rebate outra estratégia da defesa, usada à exaustão por Bernal quando prefeito, de que era perseguido pela classe política, pelos promotores e pelo Poder Judiciário. A Justiça é atacada, apesar de ter sido a responsável pelo retorno do progressista ao cargo de prefeito em agosto de 2015 para concluir o mandato e disputar a reeleição.
“O requerido busca o tempo todo alegar que foi perseguido e cobrado excessivamente em seu mandato como prefeito desta urbe, no entanto, quanto ao caso em tela, pouco se justifica ou faz prova de sua inocência, buscou, ainda, em sua contestação (fls. 558/581), atacar membros do poder judiciário que em nada têm a ver com o caso em epígrafe”, pontuou Fábio Goldfinger.
Bernal sofreu a denúncia em decorrência da compra de um apartamento logo após assumir o mandato de prefeito. Na época, ele chegou a negar o negócio. No entanto, o apartamento no Edifício Parque das Nações acabou sendo comprado em 2013 por R$ 1,5 milhão, sendo que R$ 642 mil foi pago à vista. Bernal acabou vendendo o apartamento e comprando uma casa por R$ 2 milhões no Jardim dos Estados. O imóvel teria custado R$ 2 milhões.