Segundo Jackes Nicolich, a irmã vivia escondida com os filhos de 2 e 5 anos de idade em uma casa em São Paulo. “Ela estava há pouco tempo aqui com as crianças, havia voltado para cá, depois de ser agredida e ameaçada de morte pelo Ezequiel em Ponta Porã (MS), onde eles moravam com os dois filhos”, disse ao site Campo Grande News, informando que no último Dia dos Pais a irmã deu um jeito das crianças irem passar o dia com Ezequiel Ramos, mas não se encontrou com ele.
“Ela pediu para outra pessoa levar as crianças. Minha irmã tinha muito medo dele, tanto é que não pedia nem pensão para as crianças, ela dizia que tinha visto a morte de perto”, contou o irmão, revelando que o ex-cunhado já tinha histórico de violência contra a ex-mulher. Ele chegou a ser preso em Ponta Porã no último mês de maio, após acertá-la com um soco e apontar uma arma para a cabeça da vítima durante uma discussão.
Ezequiel Ramos era CAC (colecionador de armas, atirador desportivo e caçador) e tinha várias armas em casa. O irmão da vítima contou que no começo do relacionamento Michelli Nicolich vivia bem com o marido, eles tinham ido viver em Ponta Porã para recomeçar a vida. Ele cursava Medicina em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, e parecia ser uma pessoa intelectual, mas era muito bipolar. “Ele falava baixo, calmo, mas do nada começava a ficar nervoso, se alterava de repente. Não é uma pessoa normal”, disse.
Enquanto Ezequiel Ramos fazia faculdade, era Michelli Nicolich quem sustentava a casa e pagava o curso de Medicina. “Ela era cartomante, tinha canal em rede social com vários seguidores”, contou. Ao ser preso após matar a mulher e o filho, Ezequiel alegou que havia ido a São Paulo “acertar as contas” com a vítima após um golpe de R$ 70 mil.
Jackes Nicolich disse que nunca houve golpe. “Quando a minha irmã se mudou para cá com as crianças, ela veio sem nada. Só sacou R$ 50 mil de uma conta que eles tinham em conjunto para poder pagar os primeiros meses de aluguel aqui e comprar aquele carrinho que aparece no vídeo [Fiat Uno que a vítima dirigia no dia em que foi morta]”, disse.
Segundo ele, Ezequiel Ramos tinha carros, motos e casa em Ponta Porã. No dia do crime, Michelli Nicolich sabia que o ex a procurava e já tinha avisado a família para tomar cuidado. “Ela disse pra nossa mãe se cuidar, porque ela estava se cuidando também. Agora, a minha mãe só chora”, lamentou o irmão, completando que a família do ex-cunhado nunca teve contato com eles. “A única coisa que a gente sabe é que ele tem uma mãe na Bahia”.
Ezequiel Ramos estava em um Fiat Mobi cinza, estacionado do outro lado da rua. A mulher buscou os dois filhos na escola e entrou no veículo. Nesse momento, o homem começou a atirar, de acordo com o relato de uma testemunha. Michelli Nicolich tentou fugir com o carro, mas acabou perdendo controle do veículo e batendo contra um poste.
Ezequiel Ramos se rendeu e, desarmado, foi detido em flagrante. No 49º Distrito Policial (DP) de São Mateus, o homem foi indiciado por duplo homicídio doloso qualificado por feminicídio, emboscada e tentativa de homicídio.