Em coletiva de imprensa realizada ontem (11) em Rochedo (MS), o delegado de Polícia Civil Jarley Inácio da Silva esclareceu que Higor Thiago Santana de Almeida, 31 anos, queimou vivos a ex-companheira Rosimeire Vieira de Oliveira, 37 anos, a mãe dela, Irailde Vieira Flores de Oliveira, 83 anos, e o filho dela, Bruno de Oliveira Gonçalves, de 14 anos, após esfaqueá-los dentro do imóvel da família.
Ainda conforme o delegado, por não aceitar o fim do relacionamento, ele teria ido até a casa da vítima, onde a atingiu com pelo menos duas facadas na região do tórax e pescoço, depois partiu para cima do menino, desferindo três golpes de faca, e, por último, a mãe da mulher, com seis perfurações, sendo cinco no pescoço e uma no tórax.
Após isso, a residência da família foi incendiada e laudo aponta que, mesmo feridos, todos ainda estavam vivos. “O perito legista confirmou que todas as vítimas tinham fuligens, fumaça nas vias respiratórias, indicando que estavam respirando. Então, todas as vítimas sentiram o ardor e o calor do fogo, sofrendo com as queimaduras”, disse o delegado.
A autoridade policial disse ainda que a análise preliminar descartou a possibilidade de incêndio acidental, mas a perícia ainda está analisando os materiais coletados para saber qual o material comburente e onde foi iniciado o fogo.
“A primeira perícia, chamada de perícia perinecroscópica, a perícia de local de crime, não teve como determinar o triângulo de fogo, onde começou o foco do incêndio. Em razão disso, eu acionei a perícia especializada de engenharia elétrica para que fizesse uma nova perícia no local e os peritos determinaram que o fogo não foi acidental, que não houve qualquer intercorrência na rede elétrica, mas também não soube determinar onde foi o triângulo de fogo”, explicou.
O delegado acrescentou que os cômodos mais atingidos pelas chamas foram os quartos do adolescente e da idosa, o que indica que possam ter sido o foco. “Pode ter sido um e o outro após ou pode ter sido os dois juntos. Fato é que os incêndios se deram com maior gravidade nesses dois quartos e passaram depois para a sala, através do teto, e depois para o outro quarto, que fez o teto desabar”, ressaltou.
Após a constatação de que se tratava de um crime, a Polícia Civil iniciou diligências e descobriu que a mulher havia se separado recentemente de Higor de Almeida e que ele tinha um extenso histórico de violência. Ouvido em depoimento, inicialmente na condição de testemunha, ele apresentou álibis, que foram refutados durante a investigação.
Também foram encontradas uma camisa do suspeito suja de sangue próxima ao local do crime, assim como a faca usada para os esfaqueamentos, que foi reconhecida como um objeto integrante da residência do autor. Na república onde ele morava com outras pessoas, foram apreendidas uma bota e uma calça, também sujas de sangue.
Além disso, há duas testemunhas que afirmam terem visto o homem indo e voltando duas vezes ao local do crime. Diante dos indícios, ele foi preso em flagrante. “Ele a todo momento ele nega, mas não estamos indo pelo histórico dele, estamos indo pelos elementos de informação que colhemos durante todo o processo. Encontramos elementos de informação bastante robustos que colocam ele na cena do crime”, disse Jarley da Silva.
Embaixo da unha do suspeito, foi constatado vestígio aparentemente de sangue, sendo o material coletado para perícia e confrontação com material genético das vítimas, para verificar se se trata realmente de sangue e material genético das vítimas para vincular definitivamente o suspeito ao local dos fatos.
O delegado representou pela conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva, mas até a publicação desta reportagem, ele ainda não havia passado por audiência de custódia. O inquérito está em andamento, mas o suspeito deve responder por duplo feminicídio qualificado e homicídio.
Histórico de violência
Higor de Almeida tem um extenso histórico de violência, com diversas passagens pela polícia, especialmente por violência doméstica, segundo o delegado. Ele já foi condenado a dois anos de prisão por ter dado 37 facadas em uma ex-namorada, em 2014. No julgamento, o crime foi desqualificado para lesão corporal e ele não chegou a cumprir a pena preso, por existir benefícios penais e processuais em condenações de pena menor do que quatro anos.
“Desde os 18 anos, ele vem em uma progressão criminosa, elevando de forma violenta todos os crimes. Todos os crimes praticados por ele são crimes de violência e se destaca entre eles os crimes de violência doméstica contra a mulher”, revelou o delegado.
Ele comentou ainda que o relacionamento entre a vítima e o suspeito durou pouco tempo e ela não teria sofrido nenhum tipo de violência anterior, tendo terminado com ele por pressão de familiares e amigos devido ao histórico de Higor de Almeida
“Foi um relacionamento efêmero de quatro meses, onde ela vivia bem com ele e ela não queria terminar porque ele a tratava bem, ela não acreditava. Familiares e amigos descobriram o histórico dele e disseram para a Rose: ‘você precisa terminar porque ele é um cara violento e ele vai te causar um mal’, e ela não acreditou, então a família teve que jogar um pouco mais pesado com ela, forçando um afastamento”, contou o delegado.
